A medicina considera um fumador como um doente crónico e para este deixar de fumar, os laboratórios farmacêuticos inventaram vários medicamentos. O "Champix" da Pfizer, recentemente comercializado, tem efeitos secundários quase tão graves como os que pretende combater.
O Institute for Safe Medication Practices, um organismo sem fins lucrativos, estudou os efeitos secundários do "Champix" (vareniclina) do laboratório Pfizer, utilizado para deixar de fumar. Os resultados são devastadores. Entre outros, a sua toma pode produzir: perdas de equilíbrio, perda de conhecimento, convulsões, espasmos musculares, alterações do ritmo cardíaco, alterações visuais, etc. Além destes efeitos neurológicos e cardiovasculares, temos os psiquiátricos como depressão e suicídio.
O estudo revelou um grande número de quedas e acidentes de viação. Os efeitos secundários são tantos que este medicamento ocupa actualmente o primeiro lugar da lista do FDA nos Estados Unidos. As alterações do estado de vigília e do controlo dos movimentos fizeram que a administração federal da aviação dos USA (FAA), proibiu o use de Champix aos pilotos e controladores aéreos.
Apesar disto tudo, o laboratório Pfizer continua a dizer que os efeitos nefastos do tabaco são superiores aos efeitos secundários do Champix.
Na realidade, o que se está a fazer é substituir um risco por outro. Mais de 3,5 milhões de pessoas, só nos USA, já tomaram este medicamento que tem um custo mensal de 130 Dólares, com um valor total de vendas de mil milhões de Dólares. Assim se compreende melhor que a Pfizer tudo fará para minimizar os efeitos secundários do seu medicamento. Os estudos clínicos encomendados pelo laboratório, para provar a sua inocuidade, foram conduzidos por vários especialistas dos quais pelo menos nove tinham recebido financiamentos da Pfizer.
Claro que não se trata aqui de defender o tabagismo, mas temos que reconhecer que a escolha não pode ser entre morrer imediatamente devido ao Champix ou a longo prazo devido ao tabaco.
Cada vez mais assistimos à normalização, à assepsia e à regulamentação do nosso modo de vida. A indústria farmacêutica percebeu rapidamente que isto representava uma oportunidade para passar o tabaco ao estatuto de doença crónica necessitando de medicação.
A esse propósito, o Advisory Committee on Immunization Practices, emitiu um comunicado curioso: os fumadores devem tomar a vacina antipneumocócica "Pneumo 23" da Merck, com o pretexto que estes têm um maior risco de vir a ter infecções pneumocócicas, o que está longe de ser provado. Até já está em estudo uma vacina antitabágica!
Tudo isto representa mais um passo para utilizar a medicina como ferramenta de normalização e de controlo social que medicaliza todos os nossos modos de vida.