A ilha de plástico
Conspiração

A ilha de plástico



Aquecimento Global? Os problemas do planeta são outros.
A ilha de plástico

Eu sou Nicoló Carnimeo, ensino na Universidade de Bari [Italia, ndt] mas também sou escritor e navegador; nos últimos três anos tenho feito uma longa viagem que me levou dos oceanos até o Mediterrâneo e quero contar-vos sobre isso.
A minha viagem no mar de plástico começou em Londres, onde conheci quem descobriu a Grande Mancha de Lixo do Pacífico. O que é? É uma imensa ilha formada por todos os resíduos de plástico que lançámos nos últimos 50 anos. O mar, através das correntes, os faz convergir em alguns pontos, aí ficam e continuarão a ficar, talvez para sempre.
O seu nome é Comandante Charles Moore. Fomos juntos para ver a ilha de plástico. No meu livro Como é profondo il Mare ("Como é profundo o mar") chamo-a "a ilha que não existe", porque na verdade é composta de biliões e biliões de pequenos fragmentos que ficaram em pó, porque o plástico no mar degrada-se.
Por qual razão é tão perigoso? Por que imitam o fitoplâncton, a base da cadeia alimentar. O peixe, depois, comem-se um ao outro, e os fragmentos de plástico entram na cadeia alimentar chegando até nós, com as consequências que ainda não sabemos .
Como se percebe se houver plástico? Talvez a água possa parecer cristalina, pura, então atira uma rede, chamada de Manta de Arrasto, uma espécie de funil que filtra o mar. Quando esta rede sai do mar, percebemos a quantidade de plástico...

Dos oceanos passámos a monitorizar o Mediterrâneo. Participei numa expedição científica denominada "Expedição M.e.d." e descobrimos uma coisa devastadora: no Mediterrâneo, que é um mar fechado, há ainda mais plástico. Milhões e biliões de micro-fragmentos. Donde vem está ilha de plástico? É formadas por milhões de objetos de plástico descartáveis, polietileno, que usamos todos os dias: copos, pratos, garrafas e muito mais.
Quando o plástico foi inventado, o Prémio Nobel Flory definiu-o como o elemento que a Natureza tinha-se esquecido de criar, mas temos realmente a certeza? Não pode existir algo que depois não seja transformado em compostos mais simples, que não é absolutamente biodegradável.
Assim deve ser a nossa passagem nesta terra, não deve deixar absolutamente nenhum rastro. Navegando, aprendi que deve ser como ir de barco à vela: a proa abre uma trilha, passamos no meio, e em seguida fecha-se atrás de nós.

O mercúrio
O plástico não é o único elemento que está a devastar os nossos mares, vimos que há
também o mercúrio.
Notei isso no Gargano [Italia do sul, ndt], quando sete jovens cachalotes jovens ficaram encalhados. Nasceram e foram criados no Mediterrâneo. Algo terrível os levou a correr em direção à costa do Gargano, nadando sete dias sem parar, sem comer, para morrer ali. Todas as causas não são conhecidas, mas uma é certa: o mercúrio. Ao analisar os tecidos dos cachalotes, encontram-se todos os poluentes que existem no mar, incluindo o mercúrio que é o mais perigoso.

Há dois tipos de risco: quando existe uma poluição específica, isso é, quando houver uma empresa que deita mercúrio numa determinada área, e a outra, que envolve a maioria dos consumidores.
Na Baía de Minamata, no Japão, houve a poluição duma comunidade específica de pescadores que comiam peixe, o mercúrio entrou nos corpos através do peixe, houve cerca de mil mortes. E não devemos pensar que Minamata fique tão longe, porque existe também nos outros mares
O mercúrio nas mulheres grávidas acumula-se no feto e nascem bebés deformados: isso aconteceu em Minamata, isso acontece aqui também.
Então, como nos cachalotes, os nossos filhos nascem escravos de algo que lhes demos antes deles terem nascidos, uma forma de escravidão pré-natal: é esse o legado que queremos deixar?

O TNT

Na minha longa viagem encontrei também TNT, pois os arsenais de guerra foram descarregados no mar, porque pensamos que o mar seja o nosso aterro sanitário, porque simplesmente deixamos de ver as coisas: em vez, as bombas ainda lá estão, os armamentos, bem como tudo que seja atirado para o mar, como no Japão, em Fukushima, depois do acidente nuclear.
O nosso sistema económico não contempla a natureza, pensamos que os recursos naturais sejam inesgotáveis​​, mas não é assim. Nós é que temos de adaptar-nos a ele, não o contrário.

Conheci muitas pessoas que dedicaram as suas vidas ao mar, são pessoas comuns, que descobriram a ilha de plástico, como o comandante Charles Moore, que fez o carpinteiro. Tinha uma herança e utilizou todo aquele dinheiro para a pesquisas acerca desta forma de poluição. Encontrei-me com os comandantes da Marinha, os mergulhadores, os nossos heróis silenciosos, que vão para baixo nas profundezas e com os machados removem as bombas e o resto do fundo do mar, arriscando as suas vidas, ninguém os conhece.
Deveríamos fazer o que eles fazemos nas nossas vidas diárias, são precisos gestos simples: quando vamos fazer as compras, trazer o nosso saco, utilizar garrafas de vidro, que são recicladas, não atira-las no meio ambiente.
Nem todos os envelopes que achamos ser biodegradáveis realmente o são​​, muitas vezes chegam até o mar, desintegram-se e tornam-se pó. Devemos escolher os plásticos que partem-se em compostos simples.
Salvar o mar é possível, espalhe a palavra!

Repito: os problemas são outros.
E o Aquecimento representa uma cortina de fumo para esquece-los.


Ipse dixit.

Fonte: Altra Realtá



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