A inacreditável pequena ditadura da Tchetchénia
Conspiração

A inacreditável pequena ditadura da Tchetchénia


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A tchetchénia, uma das repúblicas da Federação da Rússia, no Caucáso, com apenas 17 000 km2 e um milhão de habitantes, é governada com mão de ferro desde 2007 por um jovem e excêntrico ditador (38 anos de idade): Ramzan Kadyrov.




Milícias e ordem.


Após 5 anos de combates sangrentos, com o pretexto de luta anti-terrorista, contra os separatistas, Vladimir Putin retira 75% dos 100 000 militares russos da Tchetchénia e entrega o poder a Kadyrov para que este mantenha o ordem.


A ordem é mantida com eficácia e crueldade à custa de uma milícia composta por mais de 20 000 homens de confiança de Kadyrov, baptizados os "Kadyrovski". Em troca, Moscovo subvenciona generosamente a Tchetchénia com 6 mil milhões de euros (90% do orçamento) por ano.


Oficialmente, esse dinheiro destina-se a indemnizar os milhares de pessoas que viram as suas casas destruídas durante as últimas duas guerras. Na realidade, poucos são os que recebem uma pequena parte desse dinheiro, os poucos que têm trabalho são obrigados a pagar 30 a 50% para a fundação Kadyrov, se não querem ter problemas com as milícias.








O dinheiro de Alá.


A capital, Grózni, aparenta um ar faraónico com os seus edifícios novos de trinta andares, as suas sumptuosas mesquitas, avenidas grandiosas e estádios de futebol. Numa república com mais de 75% de desemprego, o dinheiro não vem só das subvenções de Moscovo. Existe uma corrupção institucionalizada e existe um acordo secreto com os russos para o trafico ilegal de petróleo.


Quando questionado sobre a origem do dinheiro, Kadyrov responde: "É Alá que o nos dá. Nós próprios nem sempre sabemos muito bem de onde vem o dinheiro".


Como na Rússia, a vida diária é pautada pela extorsão e corrupção, para ter um emprego tem de se pagar. Mas onde arranjar um trabalho quando não existem fabricas, quando tudo o que existe são campos de futebol, hotéis de luxo vazios, centro comerciais e mesquitas em construção?









O protegido de Putin.


Ramzan Kadyrov é um admirador incondicional de Putin, "Quando o meu pai era vivo, eu comparava-me sempre a ele. Agora, um só líder conta, Vladimir Putin: Ele é o meu modelo e tento seguir a mesma política que ele".


No entanto, pouco a pouco, Kadyrov está a ultrapassar as leis russas,com a islamização progressiva do território. Nos seus discursos televisivos, ordena que as mulheres tenha de cobrir o cabelo e saias abaixo do joelho, estimula a poligamia e apregoa o crime de honra. Nos últimos anos a violência física e psicológica sobre as mulheres aumentou.






A extravagância do poder.


Kadyrov não perde uma oportunidade para mostrar a sua devoção islâmica, participando activamente em todas as festividades religiosas, apesar de se deslocar frequentemente numa Rolls-Royce descapotável, seguida de mais de 60 Mercedes pretos para ir rezar à mesquita.


Além da mesquita Akhmad Kadyrov (pai de Kadyrov) construida à imagem da mesquita azul de Istambul, está prevista a inauguração, para o ano, uma mesquita ainda maior (a maior da Europa) a 30 Km de Grózni, com capacidade para mais de 10 000 fiéis.


Em 2011, o novo estádio de futebol foi palco de um jogo entre a Tchetchénia e uma formação internacional composta por nomes sonantes como Maradona, Barthez, Jean-Pierre Papin ou Baresi. Além de luxuosas prendas cada um desses jogadores terá recebido 100 000 dólares.







Luxo desmedido.


Kadyrov vive um enorme palácio com uma decoração ao estilo do Médio Oriente onde se misturam marbres , ouro, metais preciosos, palmeiras e fontes de água. À entrada aviões telecomandados (uma das suas paixões). No parque automóvel: Lamborghini, Maserati, Hummer e Mercedes.






Fora, um lago artificial, um hipódromo, onze puro-sangues e um jardim zoológico com tigres, leões, linces, panteras, ursos e avestruzes. última prenda: um tubarão. Também possui um número impressionante de cães de combate (outra das paixões do ditador), com os quais organiza combates ilegais, dado estes serem proibidos na Rússia.


Kadyrov sabe mostrar-se generoso com os seus fieis aliados, como quando ofereceu um Ferrari aquando do nascimento de um dos seus amigos ou quando ofereceu um lingote de ouro com o peso do bebé do presidente da câmara de Grózni.

Mas também é implacável com os seus opositores com detenções arbitrárias, tortura e morte.







O exemplo pela força.


Em 2013, acusou o seu ministro dos Desportos de não cuidar do prédio do seu ministério, esse foi convocado por Kadyrov num ringue de boxe. Kadyrov, antigo lutador de boxe inicio o combate com um golpe na cabeça do seu adversário para lhe ensinar que deveria por a sua cabeça a funcionar.

O ministro foi autorizado a colocar um capacete, dado que "deveria voltar ao trabalho no dia seguinte". 


Durante uma viajem de carro, um dos seus altos funcionários teve a infeliz ideia de contar uma piada que desagradou a Kadyrov, este abriu a porta do carro em andamento e empurrou-o para fora da viatura. Ainda com a cara em sangue declarou que fazia parte dos riscos da sua função.


Enormes fotografia de Kadyrov, Akhmad (o seu pai) e Putin decorram numerosos edifícios. Câmaras suspensas nos minaretes das mesquitas vigiam permanentemente ruas e jardins. O "olho" de Kadyrov vigia tudo e todos. Para manter o ambiente de terror, o ditador autoriza a difusão de pequenos filmes onde se podem ver torturas, profanação de cadáveres e outras barbáries.




O reino de Kadyrov poderá não durar para sempre. O Kremlin está atento a que o jovem Kadyrov não tenha uma ambição desmesurada, tal como querer um dia a independência da Tchetchénia. Por enquanto a calma e a ordem reinam na Tchetchénia, e para Moscovo isso é o mais importante, qualquer que seja o custo humano a pagar.







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