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A praxe é um nojo, toda ela, das suas formas mais violentas às aparentemente inofensivas. Os esforços que alguns dirigentes estudantis, e infelizmente também alguns reitores e presidentes de conselhos directivos, têm feito para distinguir as praxes "boas" das praxes "más" são tão ridículos quanto vagos e abstractos.
Nenhum arriscou dizer expressamente o que é aceitável e o que não é. Sabe que assim evita o debate e com sorte o tempo passa, o assunto sai da agenda mediática e tudo voltará à barbárie do costume.
Toda a praxe assume e aceita uma hierarquia sem justificação e que não cumpre qualquer função, é feita em nome dos estudantes do primeiro ano porque promete a integração mas apenas serve para satisfazer os instintos mais primários e animais dos estudantes mais velhos.
Numa sociedade saudável ninguém precisa de ser maltratado para se integrar ou de ser submisso para ser aceite; fosse realmente a integração o objectivo dos estudantes mais velhos e as actividades a realizar seriam a negação da humilhação e da desigualdade entre alunos.
As praxes apelam ao pior do ser humano, quando a recepção ao novo aluno, pela primeira vez longe da sua terra natal e num ambiente desconhecido, exigiria as melhores competências e qualidades sociais dos estudantes mais velhos. Temos todos - estudantes, professores, pais, políticos e comunidade em geral - sido demasiado tolerantes e complacentes com estas práticas.
Uma sociedade decente não convive pacificamente com os espectáculos degradantes a que assistimos dentro das universidades mas também no espaço público. Uma sociedade decente combate activamente a humilhação, o exercício do poder pelo poder, a hierarquia injustificada e a violência - seja ela física, seja verbal ou psicológica.
Texto de Pedro Nuno Santos
Escreve à quarta-feirano jornal i
Publicado dia 29 janeiro 2014
http://www.ionline.pt/iopiniao/praxe-nojo
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