A revolução sexual feminina silenciada
Conspiração

A revolução sexual feminina silenciada


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Os anos de 1960 viram surgir vários movimentos que viriam a quebra os paradigmas sociais estabelecidos até então: independência e autodeterminação das antigas colónias europeias, direitos iguais independentemente das raças, mas sobretudo a igualdade de géneros.

As mulheres ganharam o direito legítimo à igualdade. A liberdade sexual que parecia ter surgido foi rapidamente absorvida pelo sistema capitalista e transformou a mulher num simples objecto mercantil de prazer.





O eterno atraso português.

 
No início do século passado, Portugal estava ainda mais atrasado do que a maioria das democracias ocidentais. 
No Estado Novo, as mulheres eram completamente dependentes e subjugadas aos maridos. Uma mulher casada não podia viajar para o estrangeiro sem o consentimento do marido. O casamento de uma professora tinha de ser autorizado pelo Governo. Estavam impedidas de ter acesso a profissões como as de carreiras diplomáticas e de magistratura. As enfermeiras e hospedeiras do ar, não podiam casar.


O divorcio era proibido quando os casados o tinham feito pela igreja. Uma mulher casada ou solteira não podiam andar sozinhas nas ruas à noite, e quando o faziam podiam ser levadas para a esquadra, tinham que ter uma companhia masculina. O marido podia abrir e ler as cartas endereçadas à sua mulher. Tudo isto pode parecer impossível e até cómico, mas a vida da mulher portuguesa era assim. 

A revolução feminina em curso só teve algum alcance com a revolução do 25 de abril.





A mercatilização do corpo.


Os anos de 1970, as sociedades ocidentais, vieram por em causa o papel das mulheres na sociedade, libertando-as do controlo das suas vidas imposto pela sociedade masculina vigente. O marido, como chefe de família, detinha até então todos os poderes, até sobre os  corpos das mulheres, basta lembrar que a violação quando perpetrada pelo marido era considera perfeitamente legal. 
O aparecimento da pílula contraceptiva veio permitir a dissociação entre a sexualidade e a reprodução.


A mulher tinha finalmente conquistado o direito a igualdade. Mas a euforia da liberdade sexual, e uma certa moda unisexo, depressa foi substituída pela imposição comercial de uma certa visão da mulher. O neoliberalismo dos anos de 1980, tornaram a mulher num objecto comerciável. Para isso, a mulher tinha de ser eternamente jovem, magra e com uma feminidade transformada, limitada unicamente a um corpo comerciável.


A liberalização sexual também trouxe consigo a mercantilização do sexo, a mulher tinha-se tornado num objecto, mas sobretudo num rico e inesperado suporte comercial para a publicidade. Para vender, a mulher tem que se despir e esse corpo faz parte de uma grande quantidade de publicidades. Para existir a mulher tem de se expor.





A pornografia como submissão da  mulher.


Estes anos também marcam o momento da explosão da pornografia em que, mais uma vez, a mulher volta a ficar submetida aos prazer e fantasmas masculinos. Grande parte das relações sexuais são assim transformadas por mimetismo em desempenhos sexuais. Quando as mulheres não têm prazer, são culpabilzadas. Os homens sentem também uma enorme pressão social com a necessidade de ter de estar à altura desse desempenho sexual.


Esta transformação capitalista da mulher faz com que ela tenha de ser atraente, comercialmente atraente para poder ser vendida, esse objectivo torna-se  uma condição do seu sucesso social. A aparência torna-se assim um factor imprescendível. Para ser bela, tem de ser jovem  e parece-lo o mais tempo possível. Ser jovem já não e sinonimo de revolta, de ideais capaz de quebra as regras paralisadas no tempo; ser jovem limita-se agora a ter um corpo uniformemente moldado e comerciável.


Ser jovem "para sempre" afigura-se como um objectivo único na nossa sociedade, dai a degradação progressiva das nossas relações com os mais velhos e o desprezo pelos idosos relegados para as casa de repouso para serem esquecido e escondidos. 





A normalização da mulher.

A normalização da aparncia corporal vinculada pela pornografia, a publicidade e a moda, conduzem a uma sexualizaçao precoce das raparigas impregnadas destas referencia de terem de se comportar como mulheres adultas, da parte dos rapazes esses esperaram encontrar nas raparigas atitudes corporais que visualizaram  através desses meios.


O discurso permissivo da nossa sociedade esconde uma nova moral sexual tão normativa como a antiga, focalizada no corpo e no prazer masculino. Muitos dos homens que pensam de uma maneira diferente são triturados por esta ideia imposta da mulher ideal e tudo fazem para se mostraram a altura do desempenho esperado deles. As mulheres que não seguem esses padrões são ostracizadas pela sociedade e tendem, conscientemente ou não, a reproduzir os mesmos parâmetros.


Os imperativos normativos deste conceito de beleza levam as mulheres à exibição exagerada e os homens a um erotismo fetichista em que uma relação estável entre parceiros será forçosamente decepcionante porque longe dos fantasmas expostos pela publicidade e a moda.


As formas mais exacerbadas do culto da aparencia tornam as mulheres menos reivindicativas e doceis, objectivo da estrutura social preconisada pelo capitalismo, a sua mercantilizaçao e opressao sao garantes de uma certa ordem social.


Esta transformação de toda e qualquer actividade humana em mercadoria, permitindo obter dinheiro, tem por única finalidade o próprio aumento dessa actividade. Neste contexto, a imagem da mulher não é só vendida como um produto, mas torna-se também num modo de vida e num imaginário colectivo. A satisfação fornecida é temporária e criadora de insatisfacção permanente, e este é um típico factor de crescimento da sociedade capitalista.




"Chegou finalmente um tempo, em que tudo o que os homens consideravam inalienável se tornou objecto de troca, de trafico e podendo ser alienável. Tempo em que as coisas que até então eram comunicadas nunca trocadas, oferecidas mas nunca vendidas, adquiridas nunca compradas - virtude, opinião, ciência, consciência, etc - tudo passou finalmente para comerciável. É o tempo da corrupção generalizada, da venalidade universal, ou, para falar em termos de economia politica, o tempo em que qualquer coisa, moral ou física, se tornou num valor venal, levada ao mercado para ser apreciado ao seu justo valor". (Karl Marx)



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