Chipre: um pião no controlo do Mediterrâneo Oriental
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Chipre: um pião no controlo do Mediterrâneo Oriental


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Zonas de gás ao largo de Chipre






A taxa sobre os depósitos dos cipriotas representa muito mais do que um simples assalto à economia do seu povo. Chipre está a ser vítima de uma guerra estratégica para o controlo do Mediterrâneo Oriental.

Os 10 mil milhões necessários  poderiam facilmente ter sido pagos com o Fundo de estabilização Europeu, mas a Europa quis medir forças com a Russia, que é quem mais perde com esta mediada. 

A Russia vai jogar uma cartada decisiva: cobrir esse valor para não perder os seus interesses na exploração de gás nas águas de Chipre e assim impedir a hegemonia de Israel na Região.









Um paraíso fiscal que se tornou num pesadelo.


A Nações são verdadeiros piões no xadrez geo-político e financeiros mundial e as suas populações os seus escravos. Este caso não é diferente. No caso de Chipre, o resgate de 10 mil milhões de euros representa uma soma relativamente modesta que poderia ter sido realizada através do mecanismo europeu de estabilização, criado para esse efeito. Não o foi, voluntariamente, pelas razões estratégicas de que é palco esta região.


O sector financeiro de Chipre está hipertrofiado, o seu peso é de sete vezes o do PIB do país, Chipre tornou-se assim num verdadeiro casino no Mediterrâneo. Com condições fiscais bastante favoráveis, um terço dos depósitos são provenientes do estrangeiro. Só os capitais russos acendem a mais de 20 mil milhões de euros.


Chipre é um paraíso fiscal, uma espécie de off-shore, onde numerosas empresas russas lavam o seu dinheiro. Com as medidas decretadas, os russos poderão perder 3 mil milhões de euros.


Esta medida, em termos puramente económicos, não faz sentido, é contraproducente, dado que a fuga dos depósitos bancários poderá atingir 20 a 30 mil milhões de euros, ou seja três vezes o resgate.







Uma medida anti-constitucional.


Algumas pessoas ficaram admiradas pelo facto de que uma medida tão drástica tenha sido tomada sem a consulta prévia dos parlamento, de Chipre e Europeu, que teoricamente deveriam representar o povo.


Quanto ao Parlamento Europeu, este não serve para nada, apenas para legitimar o "sistema" no seio da União Europeia, ele tem apenas um papel consultivo, e no caso de Chipre nem sequer foi consultado. Tudo se decide no seio da União Europeia entre os ministros das finanças e a Comissão, ou seja, têm poder executivo e legislativo.


Quanto ao Parlamento de Chipre, nem sequer foi posto ao corrente destas medidas. Claro que deverá pronunciar-se nas próximas horas, mas não poderá recusar as medidas, dado que a ajuda da Troika está dependente da aprovação desta medida.







A cartada de Moscovo.


Moscovo fala em "confiscação de bens estrangeiros" e de "uma decisão injusta, não profissional e perigosa".  A Russia está a jogar uma cartada de mestre: cobrir grande parte do resgate, dos 10 mil milhões de euros que Chipre necessita, em troca do monopólio da exploração de gás no espaço económico exclusiva da ilha.


O que realmente está em questão não é tanto a questão financeira de Chipre, trata-se é do controlo das reservas de gás na região oriental do Mediterrâneo.


Imensas reservas de gás foram descobertas nas águas de Chipre e estas representam uma corrida estratégica fundamental entre a Russia (com Gazprom) e Israel contra o Líbano, a Síria, o Egipto e a Turquia no controlo desta região.


Não é puro acaso que os países desta zona viram-se recentemente confrontados com "Primaveras Árabes", queda de regimes ou desestabilizações como no caso da Grécia.


A finança e a política estão intimamente ligadas, os financeiros colocam as pessoas que querem nos lugares que querem e estas fazem o que eles lhes ordenaram de fazer.







Taxar os depósitos: um teste para aplicação futura noutros países.


Estas medidas irão criar um "precedente" que poderá ser aplicado aos países com os mesmos problemas que Chipre, leia-se os do sul da Europa. Foi escolhido como teste, porque sendo pequeno e longe do centro da Europa, as revoltas terão poucas repercuções mediáticas nos outros países europeus.


Os portugueses, os gregos, os espanhóis, os italianos, deveriam estar inquietos quanto aos seus depósitos. Quando os impostos não forem suficientes para pagarem as dívidas, será utilizado o mesmo roubo imposto a Chipre. Dizemo-nos sempre, para nos convencermos, que isso não irá acontecer, mas acontece, com a simple justificação que situações excepcionais justificam medidas excepcionais.






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