Conspiração
Edward Snowden: as novas revelações
Algumas actualizações acerca dos documentos revelados por Edward Snowden: falamos aqui de
segurança informática, ou melhor, da maneira como as agências de
intelligence vasculham as nossas comunicações.
A agência de espionagem britânica, por exemplo, desenvolveu uma série de ferramentas para monitorizar e filtrar o conteúdo da web e, quando necessário, para semear informação enganosa.
Os documentos de Snowden revelam que as ferramentas foram criadas pelo JTRIG (
Threat Joint Research Intelligence Group) dentro do GCHQ (
Government Communications Headquarters, a sede governamental das comunicações).
Documentos anteriores já tinham descrito algumas técnicas mas os novos dados, contidos no dossier
JTRIG Tools and Techniques ("Ferramentas e Técnicas do JTRIG") fornecem uma visão mais ampla da escala das operações, incluindo a capacidade invasiva e de criar confusão na web.
Algumas ferramentas utilizam os mesmos métodos para os quais EUA e Reino Unido tinham já incriminado alguns activistas
online (estamos no campo do "façam o que digo mas não o que faço"), incluindo ataques concentrados que causam interrupções dos serviço (
distributed denial of service) e ameaça de bombas (
call bombing).
Estas ferramentas dão aos espiões a capacidade de monitorizar activamente as chamadas feitas com
Skype e as mensagens em tempo real, voltando assim a levantar as velhas questões do grau de confiança da criptografia do serviço Skype (que, evidentemente, tão seguro não é) ou se a Microsoft está a colaborar de forma concreta com as agências de espionagem (dúvidas?).
Nas suas notas internas, o JTRIG argumenta que a maioria da suas ferramentas são "operacionais, testadas e confiáveis" e exorta os colegas a aplicar uma maneira de pensar não convencional quando estão a lidar com os enganos da internet.
Entre as ferramentas listadas no documento encontramos:
- Gestator, que trata de amplificar uma determinada mensagem, geralmente um vídeo, através dos sites mediáticos mais populares (YouTube).
- Challenging, que dá aos espiões a capacidade de falsificar qualquer endereço de e-mail e enviar mensagens sob falsa identidade.
- Angry Pirate, que permite desactivar permanentemente uma determinada conta directamente a partir dos computadores das agências.
- Underpass, que pode mudar o resultado das pesquisas online
- Deer Stalker, que dá a possibilidade de facilitar a localização de telefones por satélite e GSM (os normais telemóveis, portanto) através duma chamada silenciosa.
- Gateway, com a capacidade de aumentar artificialmente o tráfego para um site.
- Clean Sweep, que esconde na página principal do utilizador de Facebook uma mensagens, para alguns indivíduos ou inteiros Países.
- Scrapheap Challenged, para alterar os e-mails nos terminais BlackBerry.
- Spring Bishop, para visualizar fotos marcadas como "privadas" no Facebook.
O documento também lista uma série de programas destinados a recolher e armazenar postagens públicas do Facebook, Twitter, LinkedIn e Google+, e também a fazer postagens automáticas em várias redes sociais.
Também presente a capacidades para localizar geograficamente os IPs (os endereços informático de cada computador) de cidades inteiras duma só vez.
Estas últimas revelações aparecem na mesma altura em que o Parlamento britânico debate um
projecto de lei com procedimento de emergência para dar ao governo mais justificações em prol dos poderes de vigilância das suas agências de espionagem, que o Primeiro-Ministro David Cameron afirma seres necessárias para "ajuda-nos a nos manter seguros".
Apesar de não existir nenhum comunicado oficial por parte do GCHQ, o diário
The Guardian publicou algumas notas anteriores nas quais a sede da
intelligence britânica afirma:
A nossa principal preocupação é que as referências às práticas da agência poderiam levar a um debate público prejudicial, que pode causar problemas de ordem legal contra o regime vigente.
Enquanto isso, a organização não-governamental britânica
Privacy International apresentou uma queixa-crime contra o GCHQ relativa ao uso de
malware para espiar os usuários de Internet e da telefonia móvel.
Ipse dixit.
Fontes: The Guardian, RT, The Intercept
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