Euro-Trolls
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Euro-Trolls


Interessante artigo do Daily Telegraph, alegremente ignorado no resto do Velho Continente.

Para os mais distraídos: no próximo ano teremos eleições europeias, fundamentais para eleger um parlamento inútil que aprova as decisões tomadas pela Comissão Europeia, isso é, pessoas que nunca foram eleitas. Portanto, um ponto alto da democracia.

E como correm os preparativos? Correm bem. O diário inglês realça como o Parlamento Europeu irá gastar cerca de 2 milhões de Libras para pagar trolls e debunker, com o fim de controlar e bloquear os eurocépticos nos debates na internet durante a campanha eleitoral. 

Trolls? Debunker? Isso mesmo.
Wikipedia:
Um troll, na gíria da internet, designa uma pessoa cujo comportamento tende sistematicamente a desestabilizar uma discussão, provocar e enfurecer as pessoas envolvidas nelas.
Debunker, por sua vez, é traduzido com o termo "desenganador".
Então a União Europeia vai pagar pessoas para desestabilizar, provocar, enfurecer e desenganar as pessoas? Assim parece.

O Daily Telegraph entrou na posse de documentos confidenciais que planeiam uma campanha de propaganda com gastos sem precedentes, antes e durante as eleições europeias de Junho de 2014. A chave para a nova estratégia será esta: "Ferramentas de monitorização do público", destinadas a "identificar, numa fase inicial, se as discussões políticas entre os seguidores dos media sociais e blogs têm o potencial de atrair os media e o interesse dos cidadãos".

Na prática, Bruxelas vai monitorizar internet, em particular as discussões online, de forma que determinados assuntos fiquem sob-observação e num âmbito limitado. Isso enquanto com os trolls terá a possibilidade de estragar as trocas de ideias menos convenientes.

As despesas previstas desta "análise qualitativa dos meios de comunicação" ficarão na casa dos 1,7 milhões de Libras (mais de 2 milhões de Euros): a maior parte do dinheiro já consta dos orçamentos existentes, outras 787.000 Libras serão recolhidas no próximo ano. Tudo dinheiro dos contribuintes, óbvio, que desta forma pagam para não poder livremente discutir na internet.

"Especial atenção deverá ser dada aos Países que têm experimentado um aumento de eurocepticismo" é possível ler no documento confidencial, redigido no ano passado.

Mais:
Os comunicadores institucionais do Parlamento devem ter a capacidade de monitorizar as conversas públicas e o sentimento no terreno, em tempo real, para entender os "trending topics" e ter a capacidade de reagir rapidamente, de forma mirada, para participar e influenciar as conversas, por exemplo, fornecendo dados e factos para desconstruir mitos.
A formação dos funcionários-trolls começará ainda este mês.

Paul Nuttall, do UKIP (UK Independence Party), ataca as propostas, que segundo ele, violam a neutralidade do serviço público, tornando os funcionários europeus numa "patrulha de troll" que fazem stalking (termo que indica uma forma de violência na qual o sujeito activo invade repetidamente a esfera de privacidade da vítima) na internet para indesejadas contribuições políticas e provocação nos debates:
Gastar mais de um milhão de libras para que os funcionários públicos da UE se tornem trolls do Twitter durante o horário de trabalho é realmente ridículo.

E parece-me estranho que a administração da UE tenha um papel explicitamente político, com o objectivo de atingir os eurocépticos: este é o código de partidos como UKIP e não é uma atitude neutra.
E os funcionários da União Europeia? Não comentam.
E talvez nem seja preciso: é óbvia a tentativa de inverter uma tendência que vê cada vez mais na União Europeia o problema e não a solução. Perante isso, Bruxelas responde com a atitude oposta: para resolver os problemas a solução melhor é cada vez mais Europa. 

Por isso, a UE deverá aumentar os gastos, não apenas para promover a própria imagem em vista das eleições. Em cima da mesa estão:
  • o orçamento de 11.100.000 de Euros para o novo Museu da Europa;
  • o aumento das despesas para "seminários, simpósios e atividades culturais" (3 milhões);
  • as despesas para a "informação visual" (5 milhões);
  • os 95.000.000 de Euros para a abertura da "Casa da História Europeia" em 2015, tanto para celebrar a "memória histórica" ​​da UE e "promover a consciência da identidade europeia".
Que arrisca ser póstuma.


Ipse dixit.

Fontes: Daily Telegraph, Wikipedia



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