A explosão da plataforma petrolifera Deepwater Horizon da British Petroleum (BP) representa uma catastrofe ambiental sem precedentes, mas também uma teia de negócios no minimo estranhos. Quem ganha com esta explosão? Tentaviva de resposta. Perante os factos, fica uma pergunta pertinente: terá sido um acidente ou uma sabotagem?
Estranha movimentação bolsista nas vésperas...
No dia 31 de Março deste ano, o banco de investimento Goldman Sachs vendeu 44% das acções que tinha na BP, o mesmo se passou com a UBS e a Wachovia Corporation que venderam 98% e 97% das suas acções da BP. A explosão da plataforma só aconteceu no dia 20 de Abril!
A Goldman Sachs realizou assim um lucro de 266 milhões de Dólares, dado a cotação da BP em bolsa ter perdido 50% do seu valor, se essa venda tivesse acontecido hoje, o valor seria de 133 milhões de Dólares.
Coincidência? Então aqui vai mais uma: semanas antes da fuga, o próprio director geral da BP, Tony Hayward, vendeu por um valor de 1,4 milhões de Dólares acções suas da BP.
Ainda a propósito da Goldman Sachs e da UBS, a BP vai-lhes pedir um empréstimo para fazer frente ao desastre, e assim tudo "fica em casa".
Uma compra oportuna...
Vejamos agora outro facto curioso. A BP é a proprietária do poço, mas a empresa Transocean é a proprietária da plataforma e a Halliburton a responsável da cimentação. Isto é importante para compreender o que vem a seguir. No dia 12 de Abril, uma semana antes da explosão, a Halliburton, uma das maiores empresas de serviços petrolíferos, comprou a maior empresa especializada em explosões e incêndios em poços de petróleo e gás, a Boots & Coots Inc.. Esta última foi a empresa responsável pela extinção de 1/3 dos incêndios dos poços de petróleo no Kuwait durante a Guerra do Golfo.
Uma culpa circular...
Deixando de lado estas coincidências, a BP culpa a Transocean, proprietária da plataforma e portanto responsável pela segurança, que por seu turno culpa a Halliburton pela deficiente cimentação e esta culpa a BP pela escolha dos produtos mais baratos na cimentação e para assim fechar o círculo da culpabilidade.
De assinalar que várias horas antes da explosão vários gases foram vistos a escapar-se através do cimento colocado pela halliburton, estes terão estado na origem da explosão. Um estudo realizado em 2007 pela Minerals Management Service, já tinha chegado à conclusão de que esta técnica de cimentação foi responsável por 18 das 39 explosões ocorridas em poços de petróleo no Golfo entre 1992 e 2006.
O dispersante "do costume"...
Até agora, foram utilizados cerca de 3 milhões de litros de dispersante químico Corexit, apesar de este ser mais tóxico e menos eficaz que outros dispersantes existentes no mercado, a empresa que o vende, Nalco, tem relações muito estreitas com a BP e Exxon. Outras possibilidades, como barreiras absorventes foram equacionadas mas postas de parte devido ao seu elevado custo.
Se é verdade que a BP tentou minimizar o impacto da fuga de petróleo, a administração Obama não tomou todas as medidas necessárias perante a catástrofe ambiental. Logo no início, e curiosamente, entregou o controlo total da fuga e a limpeza à BP. Porquê a absurda atitude de entregar a quem cometeu um "crime" o controlo do local do "crime" quando o desastre não parava de aumentar?
Perante a lei, o governo podia e deveria ter tomado conta dos acontecimentos e colocar no terreno os melhores especialistas neste tipo de catástrofes. Na verdade o governo americano está nas mãos das grandes companhias petrolíferas Mas também não é menos verdade que esta catástrofe ambiental permite relançar a imposição de taxas sobre as emissões de CO2.
Perdas mínimas para a BP...
M. Hayward bem pode declarar que "compreende que as pessoas queiram uma resposta simples para explicar o que aconteceu e que querem saber quem é responsável, bem pode dizer que "se trata de um acidente complexo causado por uma combinação de falhas sem precedente", bem pode-se "sentir profundamente desolado". Na realidade a limpeza e as indemnizações a pagar podem não representar uma grande perda para a BP.
Quanto à limpeza, os seguros podem vir a cobrir a quase totalidade dos custos avaliados em 2 a 3 mil milhões de Dólares. As indemnizações estão a ser negociadas a 5000 Dólares por pescador para não processar a BP.
A BP tem um volume de negócios de 240 mil milhões de Dólares, e um anual de 16 mil milhões de Dólares. Este gigante tem poucas dívidas e é financeiramente muito sólido. A decisão de suspender os dividendos salva 11 mil milhões de Dólares. Estes vão fazer parte de um fundo ao qual se irá juntar um empréstimo de 7 mil milhões de Dólares. Este poderá gerar dinheiro suficiente para cobrir as despesas no prazo de um ano. Tendo em conta que os seus advogados vão tentar minimizar os impactos e fazer com que o processo dure 10 anos, como para o caso Exxon Valdez, o futuro até se anuncia risonho. Além disso, a queda das acções da BP em 36%, desde o início da explosão, torna-a bastante apetecível para uma eventual aquisição.
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