Conspiração
Glaxo: corrupção sem fronteiras
A Glaxo Smith Kline (GSK) está entre a espada e a parede.
Tranquilos, irá sair-se na boa mais uma vez, pois estamos a falar da quarta empresa farmacêutica no mundo após Pfizer, Novartis e Sanofi, um monstro com 25 biliões de Libras de facturado no ano passado (mais de 42 biliões de Dólares ou 30 biliões de Euros). Mas são chatices, isso sim.
A empresa está a coleccionar denúncias de corrupção em todo o mundo, sem parar. As mais recentes chegam do Líbano e da Jordânia. No passado dia 16 de Abril, o Wall Street Journal escreveu ter entrado na posse dum e-mail segundo o qual os funcionários da Glaxo teriam corrumpido médicos locais com amostras gratuitas de medicamentos (depois vendidas pelos médicos directamente aos pacientes) viagens.
Apenas dois dias antes, uma investigação do Panorama da BBC tinha revelado que na Polónia o gerente regional da Glaxo e 11 médicos estão sob investigação por causa de corrupção também: neste caso, tratava-se de convencer (com dinheiro, óbvio) colegas a prescrever o Seredite, um fármaco anti- asma Seretide.
O incidente ocorreu há quatro anos e a denúncia parte agora dum ex-representante da empresa, Jarek Wisniewiski. Naquele período (2010-2012) o gigante britânico alega estar envolvido num programa de formação sobre a asma, mas Wisniewiski revela que o dinheiro investido era realmente usado para pagar os médicos complacentes que asseguravam aumentar as prescrições.
Explica o ex-funcionário:
Na reunião disse que eu tinha pago o curso deles e que precisava de mais prescrições de Seretide. Então entenderam exactamente que era por isso por isso que eu estava a pagar.
Outro ex-representante da GSK, que prefere manter o anonimato, acrescenta que a empresa paga os médico em dinheiro para dar palestras inexistente, enquanto os médicos impulsionam as vendas do fármaco.
Wisniewiski confirma:
Cem libras tinham que trazer mais de uma centena de receitas do produto.
É importante realçar como, segundo o testemunho, esta não é a vontade dos representantes mas ordens directas da gerência regional. Na Wisniwiski tentou reclamar mas o resultado foi uma ameaça de despedimento.
Ainda no passado mês de Abril, dia 6: uma pessoa informada sobre os negócios da GSK no Oriente Médio revela ao Wall Street Journal que a empresa, no Iraque e secretamente, contracta como representantes de venda 16 médicos e farmacêuticos que trabalham no governo. Também neste caso o sistema é o mesmo: viagens pagas. Além disso, proporciona "prémios" em dinheiro para os médicos que mais prescrevem os produtos.
Obviamente, a GSK ganha o contrato com o Ministério da Saúde do Iraque para o fornecimento da vacina Rotarix contra a gastroenterite e os funcionários do Ministério vão de férias no Líbano, com respectivas famílias, tudo pago pela empresa.
E não podemos esquecer o escândalo iniciado no Verão do ano passado: Julho de 2013, desta vez na
China. Aqui, a multinacional britânica gasta 320 milhões de Libras para corromper os médicos com dinheiro e favores sexuais.
Em todos os casos, a estratégia é sempre a mesma: fingir de cair das nuvens. A GSK afirma não saber nada de nada e envia novos responsáveis locais para verificar que as vendas sejam feitas de forma limpa e salvar a reputação. Como se a prática da corrupção dependesse exclusivamente dos vendedores e não das ordens chegadas do "topo" (os que depois têm acesso ao dinheiro da empresa).
Vamos ver se a Glaxo conseguirá bater o seu próprio recorde, estabelecido em 2012 nos Estados Unidos: três biliões de Dólares de multas para subornar médicos em troca da prescrição de antidepressivos.
Três biliões de multa podem parecer muitos: mas, feitas as contas, nem chega a um mês de facturado.
Ipse dixit.
Fontes: The Wall Street Journal (1, 2, 3), BBC, The Telegraph, Financial Times,
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