Islândia: a revolução silenciosa
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Islândia: a revolução silenciosa


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A Islândia acabou o ano 2011 com um crescimento económico de 2,1% e em 2012 vai ter o triplo da taxa de crescimento esperada para a União Europeia. Após o colapso financeiro encontrou medidas inéditas para sair da crise e vai julgar os seus responsáveis.





O colapso.


Em 2008, a dívida da Islândia era nove vez o seu PIB, a sua moeda colapsa e a bolsa é suspensa depois de ter caído 76%. O país vai à falência e tem de recorrer a dois empréstimos, um do FMI de 2,1 mil milhões de dólares e outro dos países nórdicos e da Rússia de 2,5 mil milhões de dólares.


O FMI, como sempre, exigiu em troca medidas de "ajustamento" traduzidas em cortes nas despesas sociais. A população revolta-se, o que provoca a queda do governo e eleições antecipadas. O Partido da Independência, conservador, é substituído por uma coligação de partidos de esquerda, ecologistas e sociais democráticos. Um referendo rejeita o salvamento dos bancos privados e os principais bancos, Glitnir, Landsbankinn e Kaupthing, são nacionalizados.



Responsável ou bode expiatório?


Actualmente, vários responsáveis do sector bancários deverão ir a julgamentos por fraude e abuso de poder. O parlamento islandês nomeou uma comissão de inquérito, composta por dois filósofos e um historiador, para analisar o aspecto ético da crise, um atitude única e inovadora. 


O antigo primeiro ministro islandês, Geir Haarde, está actualmente a ser julgado por ter mal gerido a crise que provocou o colapso do sistema bancário do seu país. Arrisca-se a 2 anos de prisão se for declarado culpado. Uma comissão tinha proposto inicialmente culpar quatro pessoas.


Esta acusação de "negligência" e "violação das leis sobre a responsabilidade ministerial", do antigo primeiro ministro, é vista para a maioria dos observadores como a tentativa de encontrar um bode expiatório, outros vêm nela um acerto de contas político por parte dos seus velhos inimigos no poder, agora que o poder virou à esquerda.


O que parece estar em causa na responsabilidade da crise islandesa não é uma pessoas, mas sim de um conjunto de actuações de vários actores políticos, assim como de vários responsáveis do sector financeiro do país. 



Islândia: um "mau" exemplo.


A "revolução" islandesa é muito pouco badalada nos media oficiais, pois esta poderia servir de "mau" exemplo para outros países nas mesmas circunstâncias: recusa em pagar as dívidas de bancos privados, nacionalização e colocação sob controlo democráticos de três bancos, e nacionalização, para breve, dos recursos naturais. Esta revolução anti-capitalista poderia dar más ideias a outros povos europeus.
 

E tudo isto sem violência, sem um único disparo da polícia. Uma espécie de revolução silenciosa. É verdade que, a maioria das vezes a democracia directa só vive enquanto está na rua e desaparece quando se institucionaliza. Mas seja como for, a Primeira-Ministra islandesa, Johanna Sigurdsdottir, e o seu governo elaboraram um plano de rápido relançamento económico que parece estar a dar frutos. 


A Islândia continua assim, a ser um país inovador em vários aspectos: foi o segundo país do mundo a reconhecer o direito de voto às mulheres (depois da Nova Zelândia), o primeiro país a ter um chefe de governo homosexual, a ser um dos países mais seguros do mundo em termos de violência e a ter 100% de alfabetização.







http://www.pressegauche.org/spip.php?article9031

http://www.acp-eucourier.info/fr/content/ethique-et-finances

http://www.arretsurimages.net/vite.php?id=11942

http://www.lemonde.fr/europe/article/2011/09/05/islande-l-ex-premier-ministre-unique-coupable-de-la-crise_1568015_3214.html



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