Conspiração
O Uruguai a caminho da democracia popular
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Governado por partidos de direita, "Partido Colorado" e "Partido Blanco", o Uruguai experimenta desde 2004 uma governação de esquerda chamada de "Frente ampla" constituída por socialistas, comunistas, tupamaros, ex-comunistas e alguns sociais democratas.
A progressão económica e social não têm paralelo na história do Uruguai. Estamos perante uma interessante experiência de um esboço de democracia popular.
Salários e um pouco de memória.
Pelo Prof. Gustavo Guerrero, do Movimento de Participação Popular (MPP) da Frente Ampla (FA) de Tacuarembó.
É bom começar por dizer que não devemos perder de vistas que quando chegamos ao governo o país estava submerso numa das maiores crises da sua história, produto dos governos "Blanco" e "Colorado" que nos antecederam. Nessa altura, 34% da população era pobre (1 100 000 pobres) e 4% sofria de pobreza extrema (120 000).
Em 7 anos de governo progressista, a pobreza foi reduzida para menos de metade (restam 400 000 pobres) e a extrema pobreza de três quartos (restam 30 000).
Em termos gerais, considerando o índice médio de salários, durante o governo "Blanco" o salário real cresceu 3% para depois cair em 20% durante os dois governos "Colorado". Com o governo da "Frente Ampla" o salário real cresceu 36%.
Em 2004 o salário mínimo nacional era de $ 1.31 hoje é de $ 7.200.
Estes são apenas alguns dados com os quais vamos continuar a reafirmar que estamos caminhando firmemente com um rumo bem definido, que é melhorar a qualidade de vida do nosso povo.
Eleições internas da "Frente Ampla": Não só é possível como necessário.
Por Fernando Micheloni, secretário-geral do Partido Comunista do Uruguai (PCU) de Tacuarembó.
Estas eleições representam a construção, fortalecimento e desenvolvimento de esta alternativa ímpar: avançar rumo a um país produtivo, melhorando a justiça social com a participação de todo o quadro social. Estas eleições não significam a eleição de figuras promovidas pelos grandes meios de comunicação social. Destinam-se a promover o cumprimento dos programas elaborados no âmbito da participação directa da sociedade organizada, valorizando os conhecimentos e o mérito, e demonstrando os compromissos realizados com as necessidades das grandes maiorias.
Para a esquerda, a expressão política, de condução e de elaboração, está baseada na participação. É o produto de um quadro amplo de alianças de vários sectores da sociedade, que apesar de pensarem de forma diferente, definem objectivos comuns nessa busca da felicidade.
O êxito está baseado na construção de instrumentos de participação directa, tanto na elaboração como no seu controlo. Está demonstrado que quanto mais participação houver, mais existirá o sentimento de pertença, o que permite que grandes maiorias se apropriem desses programas, os definem, controlem o seu cumprimento e os redireccionem caso seja necessário.
Não existe nenhum governo, de qualquer partido, que garanta o aprofundar da democracia sem a participação diária do seu povo, não existem iluminados nem poderes que substituam as inumeráveis expressões do povo.
Uma sociedade mais humana.
Por Ricardo Rosano Bevans
No dia 27 de maio de 2012, teremos um fase muito importante para a "Frente Ampla" com as eleições internas, nas quais todos devemos participar para continuar a construir uma sociedade mais justa, mais solidária, mais participativa e mais humana.
A "Frente Ampla" é uma ferramenta política, não é um objectivo em si mesmo, serve para permitir-nos aproximarmo-nos dessa sociedade a que aspiramos, se não servir para isso não serve para nada.
Ouvimos muitas vezes falar mal da política, tentaram convencer os mais jovens que não deviam participar porque não valia a pena e que deveriam deixar as "tarefas" políticas para os "políticos". Mas a política serve para decidir, a partir do governo, a questões que determinam as condições em que vivemos todos nós, nossas famílias, nossos amigos, a população no seu todo, ninguém deveria ignora-lo e manter-se alheio a ela.
Não desconhecemos que foram cometidos muitos erros, e que as políticas sociais podem ser melhoradas e estão sendo melhoradas. Mas o que ninguém pode duvidar é que o rumo político actual é totalmente diferente do que era seguido antigamente, aquele que dava ás leis do mercado o papel supremo de determinar as relações da sociedade, que previligiava o capital financeiro internacional, que excluia muitos milhares de uruguaios condenando-os ao exílio económico e outros milhares a uma vida de miséria de marginalização.
Não temos dúvidas de que a "Frente Ampla" não é perfeita, que durante o seu governo foram cometidos muitos erros, mas tem uma virtude: dar a cada compatriota um lugar nas suas fileiras para enriquecer o seu programa, para controlar os seus dirigentes e para ser parte determinante da maior força política do país.
Preso durante 12 anos durante a ditadura, o presidente do Uruguai, Pepe Mujica, faz doação de 87% do seu ordenado mensal (250 000 pesos ou seja 9400 euros) a organismos de ajuda à habitação. Já em 1999, quando foi eleito para o Senado, tinha convencido os membros do seu partido, o Movimento de Participação Popular (MPP) a seguir o seu exemplo, doando a quase totalidade dos seus ordenados a um fundo de micro-crédito destinado aos pobres.
Tradução de três excertos de textos publicados no semanário do Uruguai "Acción Informativa" nº 344, de 2 a 8 de março 2012, com o qual este blogue colabora.
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