Uma pensão integrativa.
Interessante.
Por enquanto é o Estado que trata das reformas. Mas o Estado está um bocado...como dizer? "Assim". E "assim" significa falido, sem um tostão. Ainda consegue pagar, mas amanhã?
Por isso são cada vez mais as pessoas que pensam integrar a futura reforma com algo complementar. Há os fundos de pensões complementares, vão chegar empresas novas de
insurance, não vão faltar programas, pacotes "seguros e garantidos", com a experiência "duma empresa que trabalha no ramo há 30 anos". Não há risco, não há engano: pegas no teu dinheiro e deposita-o nos cofres deles.
Muito bem, então vamos ver: temos que escolher a empresa financeira que ofereça as melhores condições. Ok. E esta que faz? Sorri, agradece, pega no nosso dinheiro que fica investido. É assim que a reforma é criada, não há o Estado aqui, tudo passa pelos investimentos.
Perfeito. E onde é que o dinheiro vai ficar investido? Simples: o funcionário mostra a cenoura, 70% em obrigações, 12% em acções, o resto em títulos corporativos. É uma certeza, não é possível perder dinheiro aqui. Nós não percebemos nada disso, mas para não fazer uma figura de parvo retribuímos o sorriso. Os termos são complicados, estes gajos sabem do que falam, é o trabalho deles, não vão arriscar perder milhares de clientes com investimentos errados, não é?
Tentamos perceber. Os fundos de pensão privados têm o hábito de investir partes substanciais do nosso dinheiro títulos de Estado. Agora, colocar 70% do nosso dinheiro em Títulos de Estado significa poder esperar no longo prazo margens de ganho elevados. Porquê caso contrário donde sai a reforma? Com os 30% restantes em acções e títulos corporativos (empresas) há pouco para ficar alegres, porque são arriscados. Ok, não faz mal, pelo menos parte da reforma privada está certa com aqueles Títulos. Se estes renderem bem.
Agora, sabemos o que se passa no mercado mundial dos Títulos de Estado, certo?
Duas coisas. A primeira é que há uma parte do mercado que realmente tem rendimentos de sonho com os juros espanhóis ou italianos, 4 ou 5% na boa. Mas os operadores financeiros tendem a jogar pelo seguro e coloca, o nosso dinheiro em títulos alemães, britânicos, dos Estados Unidos ou do Japão. O que significa juros baixos.
Uma pena? Sim, mas esta nem seria uma tragédia. A tragédia é outra.
O facto é que agora a China decidiu poupar. Wow! São quase um bilião e meio de pessoas: poupar significa que os chineses pegam em elevadas percentuais do dinheiro estrangeiro ganho com as exportações e reinvestem tudo em Títulos internacionais.
Mas os chineses são estúpidos? Nãooo! Investem em acções dos EUA, Reino Unido, Alemanha e outros virtuosos, porque não querem correr o risco de perder tudo com a falência da Itália ou da Espanha.
Agora: sabemos que quanto mais for elevada a procura dum Título de Estado, tanto mais baixos serão os juro que o mesmo Título oferecerá. Não há nada de esquisito nisso, é uma lei do mercado, a lei da procura. E o resultado não é bom: a China, com a sua corrida para a poupança e a compra dos Títulos "seguros", baixa os já pouco atractivos juros dos Títulos comprados pelo nosso fundo de pensão.
E o que isso implica? Implica que se a ideia for ter uns trocos na altura da reforma, é melhor uma boa conversa com o nosso promotor financeiro. Do tipo "Olha, querido: para onde vai o meu dinheiro?".
Demasiado genérica? Ok, então melhor esta:" Olha querido: o meu dinheiro está investido em Títulos dos quais também os chineses podem gostar?". Se a resposta for "Sim", talvez acompanhada pela consideração de que "os chineses não brincam com o dinheiro deles e sabem bem o que fazer", melhor mudar Títulos.
Ah, tanto para ter uma ideia: os chineses actualmente investem em Títulos da África do Sul, Estados Unidos, Japão e Alemanha (apenas em parte).
Mas não era melhor a velha e cara reforma do Estado?
Ipse dixit.
Fonte: Paolo Barnard
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