Os outros campos de concentração
Conspiração

Os outros campos de concentração


Ao ler o termo "campo de concentração", o nosso cérebro logo vai pescar as imagens dos hebreus na
Alemanha nazi. É normal, é a reacção do cão de Pavlov.

O cão de Pavlov com a ilusão de ser autónomo consegue até lembrar-se dos gulags soviéticos. E se o cão de Palvov morar no Brasil, então lembrará de Ceará, dos doze campos dos anos '40, e pouco mais.

Mas depois disso há o nada: na prática, parece que os campos de concentração foram inventados e utilizados só pelos nazis e pelos russos. Será mesmo assim?
Alguém já ouviu falar dos campos de concentração dos Estados Unidos?

A moderna ideia de campo de concentração foi implementada pela primeira vez em 1986, em Cuba: foram os Espanhóis que desta forma "fechavam" pessoas incómodas. Três anos depois os Estados Unidos, para não ficar atrás, fizeram o mesmo nas Filipinas e em 1900 foi a vez dos Britânicos na África do Sul contra os Boers (tristemente famoso era o campo de Krugersdorp). Aqui, os presos viviam em tenda e a maior parte deles morriam de fome e de doenças.

Em 1918, como Comunismo de Lenine, os campos de concentração entram definitivamente na moda com o nome de gulag. Dissidentes, Bolcheviques, reaccionários, burgueses, contra-revolucionários ou simplesmente suspeitos eram transferidos para a Sibéria e raramente voltavam.

(a propósito: na União Soviética foram também mortos entre 1932 e 1933 cerca de 7 milhões de pessoas no Holodrom. Infelizmente eram camponeses, não hebreus, pelo que passaram quase despercebidos)

África do sul: Krugersdorp
Depois, claro, os campos de concentração na Polónia e na Alemanha nazistas.
Mas agora um salto até o outro lado do oceano: já ouviram falar dos campos de concentração dos Estados Unidos?   

Durante a Segunda Guerra Mundial, nos campos de concentração americanos, foram internadas crianças, mulheres e homens, japoneses, alemães e italianos, pelo simples fato de ser tais.

Para os japoneses, tudo começou em 1941, quando foram internados 110 mil nipo-americanos que viviam ao longo da costa do Pacífico dos Estados Unidos, facto justificado como retaliação ao ataque de Pearl Harbor. Na verdade, aquelas pessoas eram cidadãos normais, sem cadastros: simplesmente, eram de origens japonesa.

O Presidente Roosevelt autorizou o internamento com a Ordem Executiva 9066 de 19 de Fevereiro de 1942, que permitiu aos comandantes militares locais estabelecer no interior das zonas militares algumas "zonas de exclusão" onde as pessoas podiam ser totalmente ou parcialmente isoladas.

A política de internação durou até 1944 e envolveu na maioria (62%) cidadãos americanos de ascendência japonesa.

Os campos de concentração nos EUA durante a Segunda Guerra Mundial

Se os cidadãos de origem japonesas da costa oeste foram todos internados, nas Ilhas Hawai, onde os nipo-americanos eram 150 mil (um terço da população), só entre 1200 e 1800 foram internados.)

A política de internamento de cidadãos de origem alemã e italiana foi executado um pouco mais tarde, no dia 18 de Março de 1942, com a Ordem Executiva 9102. Também nestes casos, não havia crimes envolvidos: inteiras famílias eram presas só por via das origem.

A qualidade das condições de vida dependiam essencialmente da entidade que geria o campo.

Um campo nos Estados Unidos
Os campos da INS (o serviço de imigração) ofereciam um bom tratamento, com famílias que podiam viver juntas, infraestruturas e alimentação adequada.

Nos campos da WRA (War Relocation Authority) a situação era bem diferente: barracas cobertas de papel e alcatrão, infraestruturas básicas ou ausentes, espaços muito apertados. Aqui o orçamento para alimentação de cada preso era de 45 cêntimos por dia e a maioria dos internados, retirados da Califórnia, nem tinha roupa adequada para enfrentar o rigor do inverno (-18 Cº no caso dos campos no Wyoming). 

Mas  situação mais triste era aquela dos campos de concentração implementados nos Países europeus libertados. Aqui não havia grande deferências entre um campo nazi e um dos aliados.

O situação mais difícil era sem dúvida aquela dos alemães: cerca de um milhão de alemães morreram nos campos de concentração criados no território dos Estados Unidos e na Europa libertada.

O capitão francês Julien, do 3º Regimento de Fuzileiros argelino, em Julho de 1945 visitou o campo de Dietersheim, onde ficavam os pesos alemães, e notou como o campo parecia povoado por esqueletos vivos, tal como Buchenwald e Dachau. Alguns desses prisioneiros eram soldados, mas a maioria eram cidadãos comuns, incluindo -muitas crianças.

Isso porque o código de guerra aliado permitia que até crianças de 12 anos sofressem julgamentos e sentenças de prisão perpétua por parte dos tribunais militares.

Entrada dum gulag
As raparigas tinham o destino mais atroz: presas, eram torturadas, estupradas e por fim executadas.

Neste aspecto, considerável o trabalho do historiador canadense James Bacque que, ajudado pelo historiador militar Ernest Fisher Jr., fazendo uso de relatórios orais e fontes de arquivo, conseguiu tornar pública as suas descobertas no livro Other Losses, em 1989.

Mas dado que a história é escrita pelo vencedores, pouco ou nada se fala do assunto, apesar dos números envolvidos (de presos, de mortos...).

Para acabar, eis uma lista de Países que ao longo do tempo utilizaram os campos de concentração. A lista inclui apenas as instalações principais:

Ipse dixit.

Fontes: Huffington Post (versão italiana), No Censura, Wikipedia (várias páginas em inglês, português, alemão e espanhol, pois há diferenças nas listagens dos campos).



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