Saara Ocidental: o conflito que ninguém quer resolver?
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Saara Ocidental: o conflito que ninguém quer resolver?



O conflito no Saara Ocidental voltou à ordem do dia. Marrocos reivindica direitos históricos, a Frente Polisario apoiada pela Argélia afirma representar a maioria do povo sarauí que quer a independência Os países ocidentais jogam com os dois lados.


Quais são as causas do conflito? O que é que está realmente em jogo?




Historicamente o Saara Ocidental é um território marroquino.



É absurdo falar do conflito do Saara Ocidental sem conhecer um pouco da história dessa região. Podíamos resumir essa história dizendo que os colonizadores espanhóis chegaram ao Saara em 1476, mais tarde, com a "marcha verde", Marrocos conquista os territórios sarauís em 1975 que os espanhóis abandonaram.


Entretanto, em 1973 foi criado a frente Polisario. Inicialmente criada para lutar contra o ocupante espanhol, não era especialmente dirigida contra Marrocos e a possibilidade de uma autonomia alargada era real para o Saara Ocidental. Após a retirada espanhola, o movimento endureceu-se e preconiza a independência por autodeterminação do seu povo.


Antes de ir mais longe quanto às revindicações territoriais marroquinas, é de toda a justiça assinalar que após os Idríssidas terem desenhado as bases das actuais fronteiras marroquinas, foram os Almoravides, de 1059 a 1147, que lhe deram o nome tendo como capital Marraquexe. Já nessa época, o seu vasto território incluía o Saara Ocidental, a actual Mauritânia, uma parte do oeste da Argélia e o sul da Península Ibérica. Assim durante muitos anos, e até há poucas décadas, o Saara Ocidental sempre fez parte efectiva de Marrocos.




As origens da Frente Polisario.



A Frente Polisario (Frente Pela Libertação da Saguia el Hamra e Rio de Oro), como já vimos foi inicialmente criada para libertar o Saara Ocidental da ocupação espanhola. Este movimento armado tornou-se independentista e anti-marroquino após os acordos de Madrid de 14 de Novembro de 1975 entre a Espanha, Marrocos e a Mauritânia. Nessa altura os sarauís não foram chamados a fazer parte das negociações tendo ficado o sentimento de serem simples "objectos" no xadrez político. Foi então que a Argélia soube tirar partido desse descontentamento para fomentar a sua hostilidade contra Marrocos.

Após vários conflitos armados, a frente Polisario instala-se na Argélia com vários refugiados. Um cessar-fogo foi conseguido em 1991 entre a frente Polisario e Marrocos. Entretanto, entre 1980 e 1987, Marrocos já tinha erguido um muro de 2720 km que inclui praticamente todo o território do Saara Ocidental exceptuando uma pequena faixa a leste. Ao longo dessa cintura de segurança encontram-se 160 000 militares marroquinos para defender o território. A Argélia forneceu armamento à frente Polisario até pelo menos 1991. Actualmente, fornece o seu apoio financeiro e sobretudo diplomático. Veremos mais adiante quais os reais interesse da Argélia neste conflito.



Trinta anos de campos de refugiados.



A vida nos campos de refugiados de Tindouf é miserável. A ajuda humanitária é sistematicamente desviada do povo sarauí que a devia receber para alimentar uma enorme rede de mercado negro. Recentemente, ajuda foi reduzida por se ter chegado à conclusão, que pelas imagens de satélite obtidas, o número de refugiados era apenas de cerca de 90 000 pessoas e não de 165 000 como o fazia crer a Frente Polisario.


Esse número inflacionado da população tinha dois objectivos: uma maior ajuda humanitária e um maior número de votantes em caso de eleições com vista à autodeterminação do povo sarauí. Esta última questão é fundamental. Com efeito, depois destes anos todos, ainda não se sabe qual o número exacto de refugiados. A Polisario e a Argélia recusam qualquer recenseamento. Nestas condições, como realizar uma qualquer eleição credível?


Sistematicamente ignorado na comunicação social ocidental, existe um movimente unionista sarauí. São eles controlam as câmaras no Saara Ocidental ocupado pelos marroquinos, tendo igualmente representantes em ambos os órgãos parlamentares de Rabat. Estes preconizam um projecto de autonomia alargada numa união com Marrocos.




Crimes marroquinos: nem tudo o que parece é.


No meio deste conflito complexo, surgem nos media, todos os meses, notícias de ataques marroquinos a acampamentos sarauís. Muitas destas notícias vêm da imprensa espanhola alinhada com a frente Polisario.

No dia 8 do mês passado, foi o caso do acampamento de Gdaim Izik. Marrocos declarou a morte de 11 dos seus soldados e de 2 civis sarauís, enquanto a Frente Polisario afirmava que teriam morrido 19 sarauís e que teria havido 159 desaparecidos. Para além dos números, os principais jornais espanhóis, El País, El Mundo, La Razón, La Vanguarda, publicavam a fotografia de uma criança ferida.

Essa fotografia, sobretudo por ser de uma criança, chocou a opinião pública. O problema é que o fotógrafo da agência Reuters, Ibraheem Abu Mustafa, reconheceu nesses jornais a fotografia que era sua e que tinha sido tirada no dia 21 de Junho de 2006 na faixa de Gaza quando um míssil israelita foi disparado sobre esse território palestiniano. O jornal El País pediu posteriormente desculpa pelo engano, mas o mal já estava feito e a fotografia já circulava nos meios de comunicação.

No dia 13 deste mês, a televisão Antena 3 tinha difundido uma fotografia de cadáveres amontoados atribuída aos acontecimentos de Laayoune. Na realidade tratava-se de uma fotografia tirada no dia 26 de Janeiro de 2010 durante o atentado suicida de Sidi Moumen em Casablanca.
Engano ou manipulação?


Uma teia de interesse económicos.



Quais os interesses de Marrocos?

Para já, reivindicar um território que historicamente lhe pertence. Depois, porque o Saara Ocidental possui as maiores minas de fosfato do mundo, sendo Marrocos o principal exportador mundial. O fosfato não serve só para fabricar fertilizantes, também serve para produzir urânio de alta qualidade.

Que quer a Argélia?

Além da rivalidade secular com Marrocos, esse território é uma das mais ricas zonas de pesca do mundo. Representa também um acesso à costa Atlântica, o que facilita as suas exportações, nomeadamente de gás natural.

Que querem os países ocidentais?

A Espanha apoia a Frente Polisario por razões históricas contra Marrocos, o rival que lhe fez frente. A França e os Estados Unidos apoiam Marrocos para evitar uma destabilização da região, mantendo contudo boas relações com a Argélia. Na realidade querem preservar a rica e vasta zona de pesca do Saara Ocidental, e alimentam os seus apetites nos recursos minério e o petróleo que aguarda ser explorado.
Finalmente ninguém está muito interessado em quebrar o status quo existente.


http://www.saharaalicante.org/

http://maghress.com/fr/lematin/130489

http://www.jeuneafrique.com/Article/ARTJAJA2541p036-037.xml0/hcr-refugie-visite-officielle-saharasahara-combien-de-refugies.html

http://www.elpais.com/articulo/internacional/foto/Gaza/2006/publicada/fuera/Sahara/elpepuint/20101112elpepuint_8/Tes?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter

http://www.maroc.in/2010/11/16/de-fausses-images-de-laayoune-diffusees-par-des-medias-espagnols/

http://www.streetpress.com/sujet/1250-sahara-occidental-l-onu-a-interet-a-prendre-position-ni-pour-le-maroc-ni-pour-le-front-polisario





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