Siosnismo e Wahhabismo: do mesmo lado
Conspiração

Siosnismo e Wahhabismo: do mesmo lado


No Ocidente temos uma ideia acerca do Oriente Médio bastante estranha.

Há os Árabes dum lado e os Hebreus do outro. E passam o tempo a matar-se.

Depois há o Irão, que quer uma bomba atómica; o Iraque "libertado" pelos Americanos; a Palestina, que sai sempre a perder; e, nos últimos tempos, eis que apareceram também os loucos do Estado Islâmico (o ISIS), que são ainda mais enervados.
Tudo muito confuso, sem dúvida.

Mas esta "confusão" não é inocente. Pelo contrário, é construída e funcional. Serve para que as pessoas não entendam quais as verdadeiras razões do eterno estado de tensão na região; serve a esconder quais as motivações de base e, sobretudo, quais os actores principais. Porque a verdade é muito simples: não podemos ver os efeitos desta tensão, mas nunca os que a provocam e a mantêm.

A "confusão" construída é tal que, ao descobrir quais as suas reais razões, ficamos incrédulos: é o contrário daquilo que foi sempre contado. Sobretudo, não conseguimos entender como aquilo que se passa na região tem profundas consequências nas nossas vidas.

Por exemplo: é normal imaginar Árabes e Hebraicos empenhados numa luta eterna. Tel Avive nada tem a ver com o que se passa em Riad, a capital da Arábia Saudita, correcto? Não, não está correcto: israel e Arábia Saudita operam em conjunto, com os mesmos meios e as mesmas finalidades.

O Sionismo

O sionismo é um projecto colonial ocidental que, ao contrário do colonialismo clássico, nasce dum povo ou grupo étnico, como um movimento. Este movimento utiliza a religião (um valor comum) para transformar a identidade dum País, neste caos israel. Este movimento nasce no Ocidente, como produto da miséria: a miséria do ódio cristão contra os judeus (paradoxalmente, duas doutrinas com a mesma fonte: os povos árabes).

O sionismo é um projecto bem definido, que também teve um enorme apoio financeiro por parte da pequena burguesia judaica ocidental. É o sionismo que tem financiado a ocupação israelita da Palestina.

Mas, apesar disso, o sionismo estava parado há séculos porque, para construir uma casa, é precisa uma população: e a grande maioria dos judeus ocidentais era extremamente relutante perante o sionismo. Foi graças ao Holocausto e a uma cuidadosa acção de marketing que o sionismo conseguiu convencer milhões de judeus a encontrar abrigo na Palestina.

O sionismo é a continuação do velho colonialismo europeu: é um concentrado de todo ele. O sionismo é hoje uma realidade imperialista baseada no poder financeiro do mundo capitalista. O sionismo não tem nenhuma ligação com o antigo povo de Israel (Israel antigo é a história da Palestina).

O sionismo é segregacionista por natureza, racista, que utiliza a limpeza étnica como meio prático para atingir um fim: um único Estado onde é praticada a religião judaica. É, portanto, o fim do povo palestiniano, terra roubada a um povo assim como a história dele.

O colonialismo de israel hoje tem algumas centenas de bombas atómicas; não definiu as suas fronteiras para continuar a conquistar os territórios dos outros povos árabes; é o maior comerciante de armas do mundo; é o proprietário (com as lobbies) da política externa dos Estados Unidos, dos quais desperdiça o dinheiro também; foi o motor da invasão norte-americana do Iraque e o grande protector dos tiranos árabes como Hosni Mubarak.

Os judeus, os verdadeiros judeus, queixam-se e com razão: o sionismo não é hebraísmo.
Mas quem manda hoje em israel é só o sionismo.

O Wahhabismo

No colonialismo clássico, que como vimos é o domínio dum povo sobre um outro povo, com o tempo a logística se torna uma realidade muito pesada, cara, anti-económica: normal a transicção para o neo-colonialismo. Este não precisa duma grande logística, mas utiliza os nativos, criando uma elite feita de habitantes locais que desenvolvem o "trabalho sujo". As monarquias do Golfo são isso mesmo.

A Península Arábica, berço do Islão (a religião do ramo semita judaico-cristão), é hoje dominada pela família Saud: é impossível falar dos Saud sem citar as profundas ligações com o Império Britânico. Embora a família afirme ser descente directa do Profeta Muhammad, na verdade trata-se dum puzzle criado peça após peça nos laboratórios das grandes companhias petrolíferas.

Hoje o reino islâmico da Arábia Saudita é a maior tirania e ditadura no mundo. É a família Saud que controla a política e a economia de toda a nação árabe: é um poder absoluto, que utiliza um ramo do secundário do Islão, o wahhabismo. É este regime saudita que financia a construção de mesquitas no mundo, mas que depois não permite a edificação de igrejas cristãs no seu País (o contrário do que fazia o Saladino).

No wahhbismo, as mulheres são mantidas numa condição de semi-escravidão, continuamente humilhadas; a tortura é legal, aplica-se a pena de morte se um árabe mudar a sua; não há liberdade de expressão, partidos políticos ou sindicatos. É um dourado obscurantismo.

Mas esta anti-democracia toda, este autêntico horror saudita, não seria possível sem o apoio do poder imperial americano. O mesmo poder que apoia o sionismo (quando não é directamente dirigido por este). Em troca, a tirania árabe fornece o petróleo e um fatia dos lucros obtidos com a venda do ouro negro permanecem nos Estados Unidos.

Em boa verdade, a ditadura saudita é o maior aliado de Washington na região, não o colonialismo israelita: este último gera perdas económicas, enquanto a tirania dos Saud gera lucros (dos quais também beneficia o colonialismo israelita). A contribuição da ditadura árabe durante o período da Guerra Fria contra o Comunismo foi decisiva: as tropas soviéticas deixaram o Afeganistão derrotadas graças à enorme contribuição económica da Arábia Saudita para os Estados Unidos. E nem podemos esquecer os financiamentos aos rebeldes anti-russos: o nome de Osama Bin Laden, cidadão da Arábia Saudita, filho duma da mais prestigiadas famílias do grupo Saud, diz algo?

As monarquias do Golfo destruíram os grupos democráticos, progressistas, de esquerda, feministas, sindicalistas, dos artistas, dos escritores, dos jornalistas do mundo árabe. Um exemplo é dado pela Jordânia e pelo Marrocos, nos anos '60 e '70, quando a fusão da vanguarda democrática foi interrompida pelos Saudita, que sentiam-se ameaçados e massacraram os movimentos progressistas de esquerda (que, por sinal, eram grandes adversários do colonialismo israelita também). A ditadura saudita também teve um papel crucial na guerra civil no Iemen nos anos '60 contra o setor de Esquerda.

Sionismo e Wahhabismo: juntos

Hoje, a ditadura islâmica Saudita financia o plano para converter o novo Egipto num regime Wahhabi, com a bênção dos EUA e do colonialismo israelita. É a mesma ditadura que está a matar os insurgentes no Bahrein e no Iemen, a mesma que pediu aos Estados Unidos para pressionar israel na luta contra Hezbollah (xiitas) e que vê com simpatia uma intervenção militar dos Estados Unidos no Irão (exactamente o mesmo desejo de israel).

As monarquias do Golfo traíram a causa árabe: aliaram-se com o sionismo, para permanecer no poder. Financiam o ISIS, proibindo que este ataque alvos israelitas, favorecendo a intervenção militar do Ocidente, tentando derrubar a Síria (xiita). Riad e Tel Avive têm um objectivo comum: um novo Oriente Médio, com duas áreas de influências, uma sionista, outra wahhabista, atrás das quais ficam os EUA em qualidade de garantes e centro financeiro. Numa palavra: um Oriente Médio neo-colonizado.

As monarquias abandonaram a causa palestiniana: em nome do poder e tendo em vista uma nova ordem regional, os palestinianos foram sacrificados, deixando que o "rival-aliado" pudesse massacra-los impunemente..

O sionismo e as ditaduras da Arábia estão intimamente ligados: estão do mesmo lado da barricada. Esqueçam o conto dos "árabes contra israel": há um sector islâmico que apoia o sionismo e é o sector com mais meios financeiros. O fim do poder das monarquias seria um duríssimo golpe para o sionismo, talvez um golpe letal. o mesmo tempo, seria a libertação da Palestina, de muitos árabes e mesmo dos Judeus.


Ipse dixit. 



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