Wikileaks e Assange (3ª Parte)
Conspiração

Wikileaks e Assange (3ª Parte)


Terceira e última parte do artigo de Daniel Estulin, que nos ajuda a compreender quem é Julian Assange, que considera o 11 de setembro como um acontecimento livre de qualquer conspiração, e qual é o papel de Wikileaks nos interesses do Pentágono.


(Texto original: http://www.danielestulin.com/2010/12/07/wikileaks-y-assange/
Tradução: Octopus)


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Wikileaks define-se a si próprio como sendo "uma organização multi-jurisdicional para proteger os dissidentes internos, reveladores de informação, jornalistas e blogers, que enfrentam ameaças legais ou de outro tipo por publicar informações cujo interesse principal é o de expor regimes opressivos na Ásia, o antigo bloco soviético, em África subsaariana, e no médio oriente; contudo prestamos assistência a qualquer pessoa de outro país que queira revelar comportamentos não-éticos de governos ou corporações. E procuramos obter o máximo impacto político".


No entanto, um exame mais pormenorizado da postura pública de Assange sobre um dos temas mais controverso do nosso tempo, as forças por trás dos atentados do 11 de setembro contra o Pentágono e o World Trade Center, mostra que Assange parece ter uma postura demasiado próxima do poder.


Quando o Belfast Telegraph o entrevistou no dia 19 de julho de 2010, Assange afirmou: "Cada vez que as pessoas poderosas se reúnem em segredo estão a realizar uma conspiração. Se assim fosse, existiriam conspirações por todo lado. Também existem falsa conspirações, é importante não confundir as duas coisas..."


E o 11 de setembro?: "Irrita-me estar constantemente a ser incomodado com pessoas que se deixam distrair por falsas conspirações como a do 11 de setembro, quando todos os dias existem provas de conspirações verdadeiras nas guerras e na fraude financeira".

Essa declaração de uma pessoa que construiu uma reputação de ser anti-sistema é não deixa de ser notável.

Depois das fugas reveladas nos últimos documentos, o New York Times declarou que "às vezes não distinguimos se uma informação em particular é baseada em observações em primeira mão, proveniente de uma fonte secreta e fidedigna, ou se são fontes menos fiáveis baseadas em especulações do autor. Contudo, as revelações apresentadas são claramente incompletas".


Do meu ponto de vista, como ex-agente de contra espionagem, esta é a metodologia que consiste em usar documentos autênticos amplificados com o objectivo de enganar.


O Independent de Londres publicou uma entrevista com Assange no dia 18 de julho de 2010 quando Assange dizia ser procurado pela CIA. Se os Estados Unidos o queriam interrogar desde marco de 2010, que diabo fazia Assange no Reino Unido, sabendo nós que os organismos de segurança trabalham em estreita colaboração com Washington? O facto de Assange estar vivo e circular livremente no Reino Unido mostra o desinteresse da CIA em matá-lo ou prendê-lo para ser interrogado.


O papel do Pentágono.

Agora, com o aparecimento de Wikileaks, temos uma repetição na era cibernética semelhante ao caso dos "Papeis do Pentágono". Qual foi o objectivo dos Papeis do Pentágono? Foi uma operação de engenheiria psicológica que mudou, para consumo público, a responsabilidade do enorme fracasso dos serviços secretos no Vietnam, desde a CIA até aos militares. Afinal, só a CIA e os seus amigos, próximos da indústria militar, beneficiaram com a guerra. Devido aos Papeis do Pentágono, nunca foram apuradas as responsabilidades dos acontecimentos.


Revendo os factos, um autêntico tesouro de documentos "altamente secretos" tinham sido entregues ao New York Times em meados de junho de 1971, por um então desconhecido "Hippie" de um movimento aparentemente contracultura. Chamava-se Daniel Ellsberg. No entanto, o que muitas pessoas não sabiam é que Daniel Ellsberg tinha trabalhado para a secretaria dos Assuntos Internacionais de Segurança, dirigido por Henry Kissinger. Foi assim que Daniel Ellsberg, supostamente um dissidente americano, iniciou uma carreira meteórica como oficial dos serviços secretos americanos.

Para terminar, apesar de estes rumores poderem fazer parte de uma burla estratégica para deslegitimar Wikileaks, o certo é que os segredos revelados pela organização estão a ser seleccionados de acordo com uma complexa agenda de longo prazo por pessoas que ainda estão por desmascarar.


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