Conspiração
A inflação é morta
A inflação. Já falámos disso.
Eis como Wikipedia versão portuguesa define o termo:
A palavra "inflação" é utilizada para significar um aumento no suprimento de dinheiro e a expansão monetária, o que é a causa do aumento de preços.
Ou seja, há demasiado dinheiro em circulação. Tudo bem.
O que esta definição não diz é que para ter inflação não é suficiente que haja "demasiado" dinheiro.
O que é "demasiado dinheiro"? Imprimir mil milhões de Dólares é "demasiado dinheiro"? Depende: se disponíveis no mercado temos dois mil milhões de bens que podem ser adquiridos, então este mil milhões não serão "demasiado dinheiro", serão "pouco dinheiro". Até muitas pessoas ficarão sem dinheiro para comprar.
Portanto, a inflação é um aumento no suprimento do dinheiro perante uma presença mais reduzida de bens disponíveis (não vamos falar aqui de outras variáveis que influenciam a inflação: a maior e mais influente de todas as variáveis será sempre a quantia de dinheiro em circulação).
O problema é este: como pode haver "demasiado dinheiro"?
Era possível falar de inflação há 40 anos, mas não agora. Hoje a eficiência produtiva é muitas vezes superior: é possível produzir mais, mais eficientemente e até com menos pessoal. Nunca haverá uma escassez de produtos (desde que não faltem as matérias-primas, coisa que ainda não se verificou).
Hoje o produzido atinge os mais altos padrões em tempo recorde, tudo durante um tempo muito curto após o qual as linhas de produção são renovadas para os novos modelos que o mercado exige para ser competitivo. Isto significa: novos projectos, novas ferramentas, novos moldes, novos protótipos, novos processos, novos ensaios, novo início da produção, novas comissões para as empresas fornecedoras. As quais, por sua vez, terão: novos projectos, novas ferramentas, etc.
A tecnologias hoje oferece processamentos em tempos de produção ridículos, um gasto mínimo de pessoal, materiais modernos e ferramentas como a digitalização total dos componentes, o que permite ensaiar de forma até virtual. Cinco ou seis horas para obter um novo molde em campo automobilísticos. Steve Job que não gosta dum acabamento, liga para a fábrica na China e na manhã seguinte o iPhone já está diferente (na verdade, agora Jobs liga muito menos...).
Qual o ponto? Não pode haver mais dinheiro do que bens, não com a capacidade de produção supersónica que existe hoje. Antes não era assim, produzir necessitava de muito mais tempo e exigia mais emprego, havia um modelo de carro novo a cada 10 anos, meses de estudo e provas só para um novo molde.
Mas 40 anos atrás houve o
boom económico, hoje estamos em crise.
Hoje a inflação simplesmente não pode existir, os preços não deveriam aumentar.
Pode haver o problema inverso. A corrida desenfreada para o super-produtividade, com menos empregos e salários mais baixos menos, no máximo cria abundância de bens e pouco dinheiro. O que se traduz numa queda dos preços. E isso tem um nome também: deflação, ou seja, colapso dos preços por falta de rendimentos suficientes para adquirir o que é super-produzido. É este o maior perigo corrido hoje na Europa (ao qual o Banco Central Europeu tenta pôr remédio espalhando dinheiro que regularmente desaparece nos bancos e nas Bolsas).
Lembramos que este colapso dos preços não é bom, mas péssimo; as empresas não vendem, portanto não facturam e não assumem pessoal; mais desemprego, salários mais baixos.
Mas voltando à inflação: hoje temos a possibilidade de criar dinheiro, mais produtos e tudo mais rápido. E os preços sobem porque, como é dito, "é culpa da inflação".
Não, meus amigos, acho que não.
Notícia do dia: para evitar a deflação, como dito, o Banco Central Europeu espalha dinheiro. E o governo de Portugal que faz? Corta as reformas em 600 milhões de Euros. Como se isso não bastasse, o maior partido de governo sobe nas intenções de votos. "Batam-me, batam-me com mais forças, assim gosto!" . Ipse dixit.
Relacionado: Inflação ou Deflacção (o primeiro post do blog!)
Agradeço Paolo Barnard pela ideia
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