Conspiração
A violência dos israelitas de que não se fala
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No dia 12 de março deste ano, cinco israelitas foram assassinados em suas casas no colonato de Itamar. Rapidamente, os media ocidentais descreviam estes crimes como pondo fim a um período de "calma relativa", desde o ataque do verão passado perto de Hebron, onde quatro israelitas tinham sido mortos.
Já nessa altura o Washington Post tinha publicado um artigo dizendo que esse ataque do verão passado tinha posto fim a "três anos de paz" na região.
Mais uma vez o Washington Post publicou agora um artigo assinado por Janine Zacharia que demonstra uma completa ignorância da situação que ela acompanha, ou que toma deliberadamente partido pro-israelita, ou as duas coisas.
No seu artigo do 13 de março, Zacharia escrevia: "O jornal isrealita Ha'aretz, citando um inquérito preliminar, relata que as crianças tinham idades de 11 anos, 3 anos e 3 meses. O jornal também refere que uma outra rapariga de 12 anos e dois dos seus irmãos mais novos conseguiram escapar. O ataque quebrou uma calma relativa que se tinha instaurado na Cisjordânia nos últimos meses, Em agosto deste ano, quatro judeus tinham sido mortos num tiroteio na Cisjordânia".
A cronologia de Zacharia é representativa da cobertura mediática deste tipo de acontecimentos. Entrega-se aos americanos e aos consumidores dos principais media uma mensagem simples e clara: israelitas são mortos num intervalo de 6 meses, enquanto que durante esse período estava tudo calmo.
O problema para Zacharia e muitos outros media, é que uma "calma relativa" significa que nenhum israelita foi atacado, ferido ou morto, mas a ocupação e a violência contínua contra os palestinianos é ignorada.
Neste período de "calma relativa", o grupo de palestinianos para os direitos do homem, B'Tselem, recenseou pelo menos 41 palestinianos mortos pelas forças armadas israelitas nos territórios palestinianos ocupados. Entre eles Omar Qawasmeh, um civil palestiniano de 66 anos massacrado na sua cama enquanto dormia e dois civis palestinianos com cerca de 20 anos de idade, não armados, assassinados no mesmo local em menos de uma semana.
O facto que esses artigos possam descrever o assassinato de dezenas de palestinianos como uma "calma relativa" e completamente desinteressante, é repugnante.
Numa abordagem mais pormenorizada e exaustiva, os casos de violência por parte dos israelitas sobre os palestinianos durante este período de seis meses de calma descrito por Zacharia foi de mais de 300. Estes casos de violência deixaram 85 palestinianos não armados feridos, ou mortos, assim como milhares de danos materiais, como oliveira queimadas ou desenraizadas. Deste acontecimentos, temos ainda, 26 casos de incêndios criminais, 59 destruições de bens, 32 ataques físicos, 20 tiros, 60 lançamentos de pedras e 23 roubos.
Estes ataques tiveram origem numa longa lista de colonatos: Adora, Ariel, Ateret, Bat Ayin, Beit El, Beitar Elit, Bracha, Dulip, Efrat, Eli, Eli Zehav, Elkana, Elon Moreh, Haggai, Halamish, Harsina, Havat Gilad, Immanuel, Itamar, Kaida, Karmei Tzur, Karmel, Karnei Shomron, Kedumim, Maale Mikhmas, Maon, Maskiyot, Neve Daniel, Rehalim, Revava, Shama, Shuvot Rachel, Shilo, Sussia, Talmon, Kfar Tappuah, Yaki, Yash Adam and Yitzhar.
Estes ataques foram dirigidos contra 79 vilas e aldeias palestinianas na Cisjordânia, e isto apenas nos últimos seis meses.
Se estes seis meses podem ser descritos de "calma relativa", qual será o tipo de violência contra os palestinianos necessária para ser considerada como marcante para os grandes media!
Num mundo onde tudo é relativo, parece que os media americanos decidiram que as vidas humanas dos palestinianos tem pouco valor comparadas com a dos israelitas. Mas este também é um mundo onde os media tradicionais perderam a sua independência ao não relatar informações que se encontram disponíveis e ao alcance dos dedos.
Adaptação de um artigo de Yousef
Tradução Octopus
http://blog.thejerusalemfund.org/2011/03/in-palestine-everything-is-relative.html
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