Conspiração
Al-Qaeda? Um pouco barulhentos, mas bons rapazes...
O
Council on Foreing Relations (CFR) não precisa de apresentações: é a maior "fábrica de ideias geo-políticas" e exerce a sua influência não apenas em Washington mas em todas as capitais ocidentais.
Para ter uma ideia do que é o CFR, podem espreitar aqui: O mundo segundo o Council on Foreing Relations, com nomes, datas, ideias, tudo.
Há não muito tempo (em 2009), Hillary Clinton saudava com prazer a abertura dum escritório do CFR na mesma rua do Departamento de Estado, em Washington, porque significava que "não preciso ir muito longe para ouvir dizer o que tenho de fazer".
Agora, num artigo intitulado
The Good and Bad of Ahrar al-Sham: an al Qaeda–Linked Group Worth Befriending ("As coisas positivas e negativas de Ahrar al-Sham: um grupo ligado à Al Qaeda, que vale a pena apoiar"), os membros do CFR Michael Doran, William McCants e Clint Watts argumentam que apoiar a facção terrorista ajudaria os Estados Unidos a "conter o Irão e a Síria, como parte de uma estratégia mais ampla".
Em três juntaram-se para definir esta ideia genial: os EUA que apoiam oficialmente um grupo directamente ligado à Al-Qaeda. Na prática, é a escolha do mal menor, porque é claro: Al-Qaeda é sempre melhor do que Irão e Síria.
Obama + Osama (RIP)
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Ahrar al-Sham: bons rapazes |
Os autores admitem que o líder de Ahrar al-Sham, tal Abu Khalid al-Suri, recentemente "emitiu um comunicado elogiando Bin Laden e o actual líder da Al Qaeda, Ayman al- Zawahiri", enfatizando o facto de que "Al-Qaeda e Ahrar al- Sham estão unidas pela pele".
Mas este não é um problema: aliás, realça a capacidade do grupo em manter-se fiel.
Segundo os relatos, Al-Suri, cujo nome real é Mohamed Bahaiah, é um "profundo conhecedor do trabalho da Al-Qaeda, que já desenvolveu a tarefa de mensageiro para a rede de terror"; é o representante da al-Zawahiri no Levante e entregou também as fitas de vigilância do World Trade Center e de outros locais de interesse para os americanos aos líderes mais graduados da Al-Qaeda no Afeganistão, desde o início de 1998.
Caramba, este sim que é um curriculum: como podem os EUA deixar escapar uma ocasião desta? Sabe Obama quanto custa treinar um agente da CIA antes que seja capaz de fazer as mesmas coisas?
Portanto não há aqui subentendidos ou entrelinhas, tudo é claro, preto no branco: o CFR, uma espécie de filial do Departamento de Estado, convida o governo de Obama a fazer uma aliança com um grupo de Al-Qaeda, cujo líder ajudou a planear os ataques o 11 de Setembro. Ou assim dizem...
E tudo para um nobre fim: desestabilizar o Irão e a Síria, dois Países que, diga-se, nunca atacaram os EUA.
O artigo argumenta inteligentemente que Obama pode justificar o apoio de Ahrar al-Sham porque "nem todas as organizações terroristas representam uma ameaça igual para os Estados Unidos e os seus aliados". O que está correcto: há terroristas maus mas há também terroristas bons.
E como pode ser mau um grupo ligado "pela pele" a quem saqueia as igrejas cristãs, queima bandeiras dos EUA, canta
slogans anti- americanos, glorifica Osama Bin Laden, o 11 de Setembro e quer implementar o fundamentalismo islâmico em toda a região? Estes são pormenores, o que conta são as intenções.
E as intenções são óptimas, tornando Ahrar al-Sham de repente um grupo terrorista "bom": está a lutar na Síria, ao lado do
Free Syrian Army, os rebeldes apoiados com grandes rio de dinheiro proveniente dos Estados Unidos e do Reino Unido.
Além disso, parece que este grupo tenha um jeito particular para tratar de assuntos internacionais (as tais
Foreing Relations). Eis, por exemplo, como no site do grupo é relatada a forma como os responsáveis de Ahrar al-Sham ilustram aos cidadãos de Damasco os seus pontos de vista:
Não é possível nega-lo: é o mesmo estilo de Washington.
Dúvidas? Não é a primeira vez que o CFR elogia Al-Qaeda e convida os Estados Unidos a apoiar um grupo terrorista na Síria.
Em Agosto de 2012, o CFR (na pessoa de Ed Husain) saudou a presença de combatentes de Al- Qaeda na Síria numa altura em que o apoio ocidental a estes grupos era tratado apenas pela informação alternativa. Husain elogiou os "resultados mortíferos" que os militantes de Al- Qaeda tinham sido capaz de alcançar na forma de ataques terroristas.
Seria de supor que o Departamento de Estado não estivesse em sintonia com a criação de alianças entre Administração e grupos terroristas de Al-Qaeda: mas não podemos esquecer o tratamento VIP reservado pelos Estados Unidos aos membros da Al-Qaeda ligados à Irmandade Muçulmana, como recentemente foi descoberto.
Eu sei, esta coisa do CFR suportar uma organização terrorista pode parecer esquisita. Mas é bem reflectir: não são os EUA o berço da Democracia e da Liberdade? E que pode haver de mais democrático e liberal do que permitir que todos possam exprimir as suas próprias opiniões?
E se um grupo decidir exprimir-se com a dinamite ou o C4? Há pessoas que têm problemas em falar em público, saem-se melhor em explodir o público. Podemos censura-las? Afasta-las como "diversos"? Queremos deixar que os prejuízos ganhem? Claro que não.
Este é mais um passo em frente na direcção duma sociedade como novos valores, onde todos podem explodir os outros caso estes não concordem: tudo com o apoio do BFR, o
Bombing on Foreing Relations (pessoal sugestão para uma nova denominação).
E nem podemos esquecer quem criou e quem ainda hoje financia Al-Qaeda.
Ipse dixit.
Fontes: Foreing Affairs, Youtube, The Investigative Project on Terrorism, Ahraralsham.net
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