Muita gente ainda se lembra da triste história do Vioxx (da Merck). Este anti-inflamatório da classe dos coxibs, apesar de numerosos estudos independente que apontavam para a sua grande toxicidade para o sistema cardiovascular, só foi retirado do mercado após ter sido apontado como o responsável nos Estados Unidos por cerca de 140 000 infartos dos quais muito mortais. Merck teve de pagar 5 mil milhões de Dólares de indemnizações às vítimas.
Não satisfeito, o laboratório Merck Sharp & Dohme lançou pouco tempo depois um novo anti-inflamatório da mesma classe, o Arcoxia (etoricoxib). Após o escândalo do Vioxx, a opinião pública americana tornou-se muito crítica em relação à indústria farmacêutica, a alguns médicos que a apoiam e às autoridades sanitárias que nos Estados Unidos é representada pela FDA. Este organismo, em 2007, recusou a introdução no mercado do Arcoxia por 20 votos contra um, dado que a FDA não via nenhuma vantagem neste produtos e que este expunha os pacientes a riscos cardiovasculares graves.
Em Portugal (e na Europa) este medicamento é comercializado e com ele outros da mesma classe terapêutica. No nosso mercado temos os seguintes anti-inflamatórios da classe dos coxibs:
- Celebrex (Pfizer) e Solexa (Medinfar), ambos celecoxibs,
- Arcoxia (MSD) e Exxiv (Bial), ambos etoricoxibs,
- Dynastat (Pfizer), um parecoxib, injectável de uso hospitalar, utilizado para o tratamento de curta duração da dor pós-operatória.
Os coxibs são utilizados em todo o tipo de dores: artroses, traumatismos, lombalgias,.. No artigo da revista "Prescrire", os autores após passarem em revista vários estudos clínicos concluem:
- os coxibs não são melhores na diminuição da dor do que o ibuprofeno, o naproxeno ou o diclofenac,
- os coxibs apresentam uma mortalidade total superior à do naproxeno, num estudo comparativo,
- os coxibs não apresentam uma diminuição do risco de perfuração, ulcera ou hemorragia digestiva, numa analise a longo prazo em 5441 doentes, - os coxibs representam um risco mais elevado de risco trombótico do que os outros anti-inflamatórios, em três estudos num total de 34701 doentes.
Resumindo, o aparecimento do coxibs no fim dos anos 90 não mostrou serem mais eficazes do que os anti-inflamatórios já existentes, não mostrou uma diminuição do risco digestivo e em contrapartida aumenta o risco cardiovascular. Como tal que dificilmente serão retirados do mercado, o que seria desejável, quando for necessário um medicamento para o alívio da dor deverá utilizar o paracetamol ou no caso de ter de escolher um anti-inflamatório, este deverá ser o ibuprofeno que tem um risco digestivo menor.
http://pharmacritique.20minutes-blogs.fr/archive/2008/07/30/medicaments-dangereux-les-europeens-tenus-dans-l-ignorance.html
http://pharmacritique.20minutes-blogs.fr/archive/2008/04/04/une-publicite-realiste-pour-une-fois-pour-le-vioxx-le-medica.html
http://cat.inist.fr/?aModele=afficheN&cpsidt=19002758
http://www.prescrire.org/Fr/3/31/24240/0/NewsDetails.aspx?page=6