Doseamento sistemático do PSA é inútil
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Doseamento sistemático do PSA é inútil


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O despiste sistemático do cancro da próstata através do doseamento do PSA não melhora a esperança de vida, não reduz de maneira significativa a mortalidade devida a esse cancro, não reduz a mortalidade global e conduz a numerosas mutilações inúteis em homens saudáveis.




Desde há 20 anos, que o despiste através do doseamento do PSA se tornou, em muitos países, um habito sistemático nos homens acima do 50 anos de idade. Desde então, o número de diagnósticos desse cancro foi multiplicado por três, sem que o envelhecimento da população explique essa "epidemia".


Ao mesmo tempo, durante esse período, a mortalidade permaneceu praticamente a mesma, apesar dos progressos no tratamento médico. O tratamento hormonal permite que os homens com cancro da próstata venham a viver o tempo suficiente para morrer de uma outra doença qualquer.


Não esquecer que após os 50 anos de idade, a presença de células cancerosas na próstata é um fenómeno habitual que raramente virá a transformar-se num verdadeiro cancro.



Dois estudos em larga escala.



No dia 19 de março de 2001, o New England of Medicine publicava dois artigos sobre a pertinência ou não de um despiste sistemático do cancro da próstata através do doseamento do PSA. Apresentavam resultados contraditórios, mas o estudo que parecia comprovar o interesse do despiste sistemático, após analise, é muito  pouco concludente.


O primeiro estudo realizou-se nos Estados Unidos em 76 000 homens, metade fazia um doseamento regular do PSA e a outra metade não. Após 10 anos, dos homens que faziam um despiste sistemático, paradoxalmente, houve um aumento da mortalidade por cancro da próstata superior em 10% em relação ao grupo de homens que só ocasionalmente o fazia. Contudo, este resultado paradoxal não foi estatisticamente significativo.


O segundo estudo realizou-se na Europa em 162 000 homens. Mesmo método: divididos, por tiragem à sorte, em dois grupos, um grupo fazia doseamentos sistemáticos do PSA, o outro não. Após 9 anos, a mortalidade por cancro da próstata foi inferior em 20% no grupo que fazia despiste sistemático. Contudo, este abaixamento do risco relativo de 20% corresponde a um abaixamento do risco absoluto de apenas cerca de 0,1%.


Estes dois estudos mostram que o doseamento sistemático do PSA apenas trás angustia (na variação dos valores do PSA de um ano para o outro), exames caros, tratamentos agressivos, falsas esperanças e efeitos secundários. Isto sem contar com a frequente incontinência urinária após as cirurgias, para já não falar dos casos de impotência.



No dia 10 de outubro deste ano, numa carta dirigida ao British Medical Journal, Lenzer e Brownlee, lembram que um grupo de 16 peritos americanos pronunciaram-se pelo fim do despiste sistemático do cancro da próstata através do doseamento do PSA. Segundo eles, este teste apresenta tantos problemas como benefícios e a mortalidade global é a mesma nos que fazem a doseamento e nos que não fazem.



Nota: O fim do despiste sistemático não invalida, em casos específicos, o despiste individual. Por exemplo, num homem em que o pai morreu de cancro da próstata com 55 anos de idade, o que é extremamente raro, faz todo sentido um despiste através do PSA, apesar de poder ser inútil.




Convém lembra que 80% dos doentes com níveis elevados do PSA são falsos positivos, isto é, esses valores elevados não correspondem a nenhum cancro. Por outro lado, apesar de cerca de 16% dos homens poderem vir a ter o diagnóstico de cancro da próstata, desses apenas 3% virão a morrer dessa doença.




http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa0810696

http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa0810084

http://www.bmj.com/content/343/bmj.d6479.extract?etoc

http://www.uspreventiveservicestaskforce.org/uspstf08/prostate/prostaters.htm



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