O jornalista de investigação (ainda existem) britânico Andrew Jennings realizou um documentário onde revela que a FIFA funciona internamente como uma verdadeira máfia.
Tudo começou com a falência da empresa ISL de Zurich, encarregue pela FIFA dos direitos de marketing e transmissão televisiva dos mundiais de 2002 a 2006. Durante a auditoria, constatou-se que altos funcionários da FIFA tinham recebido dinheiro em contas no estrangeiro.
Durante esse período, dá-se um incidente: um montante que deveria ter sido depositado num paraíso fiscal vai parar directamente nas contas da própria FIFA. O caso é abafado ao mais alto nível, isto é, pelo tribunal de Lausana que impõe o segredo sobre os montantes e a identidade dos corruptos.
Durante o inquérito, o jornalista descobre que esse dinheiro destinava-se ao antigo presidente da FIFA, Joao Havelange e a Jean-Marie Weber, vice presidente da ISL, amigo íntimo do actual presidente da FIFA.
Muitas empresas multinacionais recorriam à ISL, que detinha a exclusividade publicitária, para verem a sua marca aparecer ao lado do logótipo da FIFA. Como contrapartida, essas empresas pagavam avultadas somas como suborno. Assim, Joao Havalange terá recebido 250 000 francos suíços
Manipulação eleitoral
O sistema eleitoral para a eleição do presidente da FIFA parece dos mais democráticos: um país, um voto. Na realidade, tudo é feito para subornar os votantes, como é o caso do presidente da CONCACAF que representa os votos do continente da América do Norte, América Central e Caraíbas. Nada mais, nada menos do que 35 votos dos 208 possíveis.
O presidente da CONCACAF é Jack Warner e esta confederação terá recebido várias dezenas de milhões de euros da FIFA para influenciar as votações. Além disso, Jack Warner é dono de uma agência de viagens, a Simpaul, que tem a exclusividade da venda de bilhetes para os mundiais dessa confederação em Trindade e Tobago.
Em 1984 e 1986, para a realização do campeonato sub-20 da CONCACAF, a construção dos estádios esteve a cargo de um dos filhos de Jack Warner e o serviço de restauração entregue a outros dos seus filhos.
Na FIFA tudo fica em família. Philipe Blatter, filho de Joseph Blatter, recebeu 50% dos direitos televisivos do último mundial. Para manter o alto estilo de vida com que vive e se deslocam os altos dirigentes da FIFA, até os bilhetes que sobram são vendidos discretamente no mercado negro a um preço proibitivo.
Corrupção
Na FIFA não existe contestação, todos veneram o seu presidente. Como numa máfia, esta organização vive do tráfico de bilhetes, subornos e corrupção. A rede está bem montada.
Jack Warner, por exemplo recebeu graciosamente no último mundial, da parte da FIFA, 6000 bilhetes: benefício 1 milhão de euros.
Nicolas Leoz, presidente da confederação sul americana, o único identificado em vários subornos recebidos nas suas contas em paraísos fiscais, nos anos 90, continua como membro executivo da FIFA.
A FIFA decretou, no último, a proibição da venda de qualquer alimento, por parte dos habitantes dos bairros pobres sul africanos, perto dos estádios para não prejudicar o seu principal sponsor, Mc Donald.
Não existe qualquer documento que permita saber quanto ganha Joseph Blatter, quando é possível saber quanto ganha qualquer político ou chefe de estado.
A atribuição do mundial à África do Sul só foi possível porque o continente africano (50 votos) tinha participado na eleição do padrinho da máfia da FIFA, era a contrapartida.
Baseado em: http://www.cpolitic.com/cblog/2010/06/03/du-foot-et-du-fric-la-mafia-de-la-fifa/