Ninguém fala do assunto: mas Fukushima está lá, com os seus reactores destruídos e a radiação disseminada pelo ambiente.
Os operadores continuam a luta para conter o vaziamento de água radioactiva, o que mais preocupa. Perdas que trouxeram o temor de que a central poderia até mesmo colapsar durante o processo de limpeza, que irá demorar anos
No passado mês de Maio, a NbcNews enviou dois jornalistas para tentar perceber qual a situação. Uma situação que tem atraído também a atenção da Agência Internacional de Energia Atómica, a qual enviou uma equipa de especialistas para redigir um relatório. E os especialistas alertaram: o Japão pode precisar até de mais tempo para a limpeza, mais do que os 40 estimados.
Infelizmente, pouca possibilidade foi dada aos jornalistas de espreitar no interior do complexo de Fukushima-Daichi. E as preocupações crescem.
A descoberta do peixe
greenling numa bacia de água perto da central, peixe, com cerca de 7.400 vezes o limite radioactivo de césio considerado seguro, não fez que aumentar a tensão. O que contrasta com as notícias da Organização Mundial de Saúde, segundo a qual o que se passou em Fukushima não criou "notáveis aumentos no risco para a saúde" fora do Japão e que "nenhum observável aumento de câncer além da variação natural" foi encontrado e várias áreas do Japão.
Mas nas zonas afectadas, o relatório da OMS prevê uma subida do risco de vários tipos de câncer. Por exemplo, os bebes de sexo masculino podem contrair leucemia ao longo da vida (mais 7% de possibilidade) enquanto nas meninas haverá + 6% de ficar vítimas de câncer de mama.
O perito nuclear independente John Large, que forneceu evidências do desastre de Fukushima no Parlamento britânico e tem produzido vários relatórios acerca do desastre, afirma que no complexo de Fukushima há centenas de toneladas de material "intensamente radioactivos". Normalmente é possível enviar máquinas telecomandadas para remover os escombros perigosos, isso de forma relativamente fácil: mas em Fukushima isso tornou-se muito difícil devido aos danos causados pelo tsunami.
Mas o que mais preocupa Large , mais uma vez, é a água: a prioridade é evitar que as água contaminada saiam do perímetro da central:ra
Até parar a passagem, não é possível conter a radioactividade. Isso vai continuar por anos e anos, antes de ser contido. As estruturas de contenção começaram a quebrar. Estruturas artificiais não duram muito tempo, quando colocadas em condições adversas.
Large ainda acrescentou outro aspecto:
Isso pode ter um efeito significativo sobre a saúde das futuras gerações no Japão. O que isso vai criar é uma Geração Fukushima.
Dito de outra forma: tal como aconteceu em Hiroshima e Nagasaki após as primeiras bombas atómicas,
Além disso, os riscos ligados às perdas de água não ficam limitadas ao mar: as partículas radioactivas acabarão nas praias, secarão ao sol e serão levadas pelo vento.
Quanta água radioactiva existe em Fukushima?
De acordo com os operadores da central, são armazenadas nos tanques 280.000 toneladas de água contaminada e um fluxo constante de água subterrânea entra na base dos edifícios danificados, de forma que a central produz diariamente cerca de 400 toneladas de água radioactiva.
Hisayo Takada, activista de Greenpeace no Japão:
as pessoas encontrarão dificuldade para formar uma famílias, em particular as meninas vão enquanto "estigmatizadas" pelo facto de ter vivido num ambiente radioactivo.
A questão da água contaminada é muito grave e estamos muito preocupados e também muito zangados, porque passaram dois anos e dizem que não há nenhum perigo.
O criador Masami Yoshizawa vive na área de Namie, que na época estava na zona de evacuação obrigatória, mas agora é um dos lugares onde as pessoas foram autorizadas a voltar. Tem 350 vacas, como "um símbolo vivo de protesto":
Para nós, criadores e agricultores, é impossível retornar ao trabalho em Namie. A nossa comunidade vai desaparecer. Ficará como Chernobyl. Só os velhos afirmam não importar-se da radioactividade, vão voltar, mas as crianças nunca mais voltarão.
Ipse dixit.
Fontes: NBCNews, Tepco Press Releases, IAEA, World Health Organization: Health Risk Assessment from the nuclear accident after the 2011 Great East Japan Earthquake and Tsunami based on a preliminary dose estimation (ficheiro Pdf, inglês), Greenreport, New York Times,
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Enquanto o ocidente finge que está tudo bem...Espécime foi capturado para monitoramento em área de desastre.Tsunami atingiu usina no Japão em 2011, dispersando material nuclear.Um peixe capturado com a finalidade de realizar um monitoramento próximo...
Passados quatro anos, qual o ponto da situação em Fukushima? No artigo Fukushima: 7.000% vimos um dos problemas que afligem as operações de bonificação, mas qual a situação no geral? Para já: continua a ser muito difícil reduzir a contaminação....
E Fukushima, como está? Tinham-se esquecido dela, não é? Mau. Pois Fukushima ainda lá está, com todos os seus problemas sem solução. No final de Fevereiro, as equipas de limpeza tentaram mitigar uma imprevista crise na emissão de radioactividade:...
O Leitor mais aficionado sabe que, de vez em quando, por aqui vamos espreitar o que se passa em Fukushima, no Japão, onde no ano de 2011 um terramoto e um consequente tsunami provocaram um desastre ambiental de enormes proporções, muito por causa da...
É como uma meia rendição a frase do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, que numa conferência internacional sobre a energia e o meio ambiente, em Quioto, afirma: Precisamos do vosso conhecimento e da vossa experiência.Depois ter sido revelada...