I = P A T
Conspiração

I = P A T


E hoje falemos da equação de Ehrlich.
Por qual razão? Porque ajuda a perceber o motivo pelo qual no planeta devem existir Países atrasados, pessoas que não têm comida suficiente, economias que não funcionam.

Sim, claro, séculos de colonialismo, as consequências e tudo o resto: uma explicação simples e imediata. Mas não pode haver mais do que isso? E se o estado de atraso fosse funcional, até necessário na óptica de alguns? Uma pobreza "obrigatória", que deve ser cientificamente mantida? 

A verdade é que não podemos tornar a tecnologia livre para todos, não podemos permitir o consumo ilimitado para todos, não podemos permitir uma reprodução livre e um crescimento populacional sem limites.

A razão? I = PAT.
Está tudo aí, naquela equação: é a equação que descreve o nosso sistema económico, o nosso sistema de vida.

Foi escrita em 1944 por duas cientistas norte-americanos, Paul R. Ehrlich e John Holdren. Dois nomes que podem não dizer muito: mas Holdren, por exemplo, é hoje um dos "homens fortes" da Administração de Obama: é conselheiro sénior nas questões de ciência e tecnologia, Assistente do Presidente para a Ciência e Tecnologia, Director do Departamento da Casa Branca de Política Científica e Tecnológica, Presidente dos Assessores de Ciência e Tecnologia.
Fica mais claro assim?


E agora vamos ver qual o significado da equação:
O aumento das três, duas ou até uma só das variáveis P, A e T​ provoca o crescimento do impacto ambiental.

É uma equação simples mas engenhosa, e muito sensível.
Se a população aumenta, aumenta também o impacto ambiental.
Se aumenta o consumo per capita, ou a tecnologia disponível utilizada, aumenta o impacto ambiental também.
Se todos as 3 variáveis aumentam simultaneamente, o impacto ambiental dispara.

A equação de Ehrlich torna-se particularmente importante num sistema como o nosso.
Um cidadão médio dos Estados Unidos:
20 toneladas de dióxido de carbono contra os 200 kg. dum cidadão da Ruanda.
Do ponto de vista energético, só para fazer um exemplo, seriam precisos 1.100 cidadãos do Ruanda para consumir o equivalente dum só cidadão médio dos EUA.

O que significa isso?

A panela e o caldo

Quando era garoto, lembro de ouvir dizer que no prazo de 15 anos a África teria atingido o nosso
nível de desenvolvimento.
Passaram alguns anos e agora oiço que no prazo de 15 anos a África terá atingido o nosso nível de desenvolvimento.

Um erro de cálculo? Nem por isso, os cálculos funcionam e muito bem (para alguns).

Imaginemos uma panela cheia de caldo de galinha.
Eu como 1.100 colheres de caldo, os Leitores uma colher cada.
Na panela o nível do caldo diminui, mas ainda dá para comer algo.

Eu como 1.100 colheres de caldo e os Leitores também, 1.100 cada um.
Na panela o nível de caldo deixe de forma rápida e eu fico preocupado.

Melhoramos a tecnologia, e cada um passa a ter uma nova colher: 1.100 colheres de caldo por cada um, mas desta vez com uma colher maior.
A situação precipita: a panela esvazia-se completamente.
E eu fico sem caldo.

Então qual o meu interesse? O meu interesse é que os Leitores continuem a ter a colher velha, mais pequena, e possam retirar apenas uma colher de caldo de cada vez.
Aliás, o meu verdadeiro interesse é que a vossa colher pequena seja até furada, de forma a poder retirar ainda menos caldo.

Esta é a equação de Ehrlich. Se todos consumássemos o que consome um cidadão médio dos EUA, quanto poderiam durar os recursos do planeta? Segundo os últimos cálculos, uma semana.
Percebemos agora porque parte dos povos têm que utilizar uma colher pequena e furada? 

A solução

Soluções?
Mas não brincamos com estas coisas! Quem abdica do iphone? E do carro?
O quê?!? O consumo é o motor da nossa sociedade, é o crescimento, é o futuro....pelo contrário, o consumo tem que aumentar, sempre.

Então?
Ok , então, democraticamente, tentamos manter atrasados os Países já atrasados; depois não seria mal empobrecer um pouco os Países de nível médio, também alguns do Ocidente. E, já que falamos disso, que tal concentrar a maior parte da riqueza nas mãos de poucos?

Não gostam? Pena, porque é este o sistema no qual vivemos.


Ipse dixit.

Fonte: La Crepa nel Muro, Wikipedia (versão inglesa)



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