Conspiração
O vapor de Fukushima
Não há hipótese: Fukushima desapareceu mesmo do mundo das notícias. A ideia deve ser "se ninguém fala do assunto, este morre". E não seria mal se os problemas pudessem ser resolvidos desta forma. Mas não funciona.
Este vazio de informação provoca também a dificuldade em encontrar fontes de confiança: não faltam páginas internet nas quais as notícias são exageradas ou, mais simplesmente, inventadas.
No entanto, nas última semanas a realidade parece ultrapassar a fantasia: não apenas a situação em Fukushima não melhora, como até há razões para ver a preocupação aumentar.
O vapor
Há um novo alarme que pode interessar em breve a Costa Oeste dos Estados Unidos: é esta a direcção favorecidas pelas correntes marinhas provenientes do Japão.
As pessoas que residem na Costa Oeste da América do Norte deveriam começar a preparar-se para um outro possível ataque de radiação proveniente do local do desastre nuclear de Fukushima.
A razão? A Tokyo Electric Power Company (Tepco) afirma que o vapor radioactivo, de repente, começou a fugir do edifício do reactor nº 3: e não faz ideia do que se passa. Simplesmente, a Tepco afirma que não pode entrar no meio das ruínas para ver o que acontece: os níveis de radiação são demasiado elevados.
Os comunicados da Tepco (em japonês) podem ser lidos aqui (24 de Dezembro), aqui (25 de Dezembro) e aqui (27 de Dezembro). O tradutor de Google dá para ter uma ideia do conteúdo.
Após os comunicados, no dia 28 de Dezembro a Tepco admitiu que vapor foi observado flutuar fora do edifício do reactor número 3: pareceu sair do que resta do quinto andar do edifício, em grande parte destruído. A Tepco admite que não sabe o que está a gerar o vapor.
Segundo alguns observadores, isso poderia ser o início do
meltdown, envolvente 89 toneladas de combustível nuclear que entra na atmosfera para depois dirigir-se para a América do Norte. Obviamente, é uma hipótese: mas o
meltdown é o pesadelo que paira sobre Fukushima desde o início da crise.
O que é o meltdown
O
meltdown indica a fusão do núcleo.
Cria temperaturas que fundem os metais, derrete a bainha de
zircónio das barras de combustível e as barras formam uma única massa: esta perfura o chão até penetrar no terreno até profundidade extremas. Trata-se dum cenário-limite, que nunca foi observado até hoje.
Pelo menos num dos reactores de Fukushima houve um
meltdown parcial: a dúvida que isso tenha interessado todos os 3 reactores.
Além disso, as "piscinas" que contêm o combustível nuclear (o plutónio) não se encontram seladas no interior dum recipiente de cimento, mas estão em contacto directo com o meio ambiente.
Mas existem outras duas opções que podem justificar a saída do vapor.
- partículas de combustível radioactivo, expelidas durante a explosão do reactor, ficaram misturadas e provocam agora pequenas "derrocadas". Isso não seria um problema terrível e pode ser controlável.
- partículas de combustível radioactivo, expelidas durante a explosão do reactor, entraram no tanque do combustível gasto (que está localizado acima do reactor) e começaram a fundir até provocar a ebulição da água da piscina (e do combustível gasto).
Uma vez há vapor visível, este último parece ser o cenário mais provável. E, nesse caso, seria um problema. Um enorme problema.
89 toneladas
A piscina do combustível gasto está localizada no quarto andar, acima do reactor número 3, e se esta for a fonte de vapor, a situação pode rapidamente tornar-se fora de controle.
A piscina do combustível gasto não é uma estrutura contida, é literalmente uma banheira cheia de água, que serve para manter fresco o velho combustível. O combustível radioactivo, uma vez removido dum reactor nuclear, permanece quente o suficiente para derreter-se ainda ao longo de dois ou três anos.
Se o vapor está a sair do prédio do reactor número 3, isso poderia ser o início de uma maciça libertação de radiação, porque uma vez que a piscina de combustível gasto iniciar a reacção, este fica incontrolável.
A piscina do reactor 3 contem ainda 89 toneladas de combustível gasto: o suficiente para injectar na
atmosfera uma nuvem radioactiva que, desfrutando as correntes, pode alcançar a Costa Oeste dos Estados Unidos.
A boa notícia é que este cenário é uma possibilidade, não uma certeza absoluta.
No entanto, é interessante realçar o absoluto silêncio dos media acerca dos acontecimentos.
2 em 1: limpar a cidade e reduzir os sem-abrigos
Entretanto há o problema de retirar os detritos radioactivos da cidade de Fukushima.
Quem utilizar? Simples: os mais desgraçados.
São sem-abrigos que, em troca de dinheiro, limpam a cidade.
Ganham 90 Dólares por dia: pode parecer muito, mas desta quantia é retirado o valor da comida e do alojamento, pelo que não sobra muito.
Isso sem contar os riscos da saúde: o trabalho deles é lidar todos os dias com material radioactivo...
Ipse dixit.
Fontes: La Crepa nel Muro, Huffington Post Italia, Reuters,
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