Quanto custa um dia de greve?
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Quanto custa um dia de greve?


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As contas difíceis.


Para saber do impacto de um dia de greve geral sobre a economia portuguesa, podemos fazer um cálculo simples (simplista) dividindo o PIB português pelos número de dias de trabalho. Teríamos então, os cerca de 170 mil milhões de euros do PIB anual dividido pelo número de dias úteis de trabalho, o seja 170 mil milhões de euros dividido por 225 dias úteis (365 dias menos 53 sábados, 52 domingos, 9 feriados e 25 dias de férias). Chegaríamos a um valor de 764 milhões de euros.


Mas estas contas por alto servem quanto muito como uma referência. A economia não funciona só aos dias úteis; nem todos os trabalhadores fazem greve; a produtividade dos dias não é toda igual; e em muitos sectores o trabalho "perdido" num dia de greve pode ser compensado nos dias seguintes.


Para Luís Bento, autor de um estudo segundo o qual cada feriado tem um impacto de 37 milhões de euros sobre a economia, "não é possível" fazer a transposição deste valor para uma greve geral, como a que foi marcada pelas confederações sindicais para esta quinta-feira.


Os efeitos das greves gerais são muito diversificados, até porque variam de um sector de actividade para o outro. A adesão nunca é de 100%, e as greves gerais paralisam sobretudo a função pública e o sector empresarial do Estado.


No sector privado, apesar de muitas pessoas não conseguirem chegar aos postos de trabalho por causa da paragem dos transportes, o que afecta 25 ou 30% do sector privado, quanto mais não seja por atrasos, do ponto de vista produtivo não existem grandes desvantagens, até porque as empresas não pagam os salários das greves.


No sector dos transporte, por exemplo, existem apenas as perdas dos passageiros ocasionais, sendo que os passes já estão pagos e que não haverá gastos com os combustíveis e haverá descontos aos trabalhadores que fazem greve.



Impacto simbólico?


O investigador António Costa Pinto, vai mais longe,  e considera que uma greve geral tem um impacto económico "completamente nulo", defendendo que tem apenas um significado "simbólico" do descontentamento da sociedade. "Um dia de greve geral é completamente nulo em termos de impacto económico, é apenas " simbólico", uma vez que não contrariará em nada as medidas em curso, apenas demonstra descontentamento".


De acordo com o sociólogo, "se se fizer uma análise comparada das greves em Portugal, França, Itália ou Inglaterra, verifica-se que Portugal é um país de fraca conflitualidade social e também que é um país menos desenvolvido", o que quer dizer que, "no caso português, não há nenhuma relação negativa entre a taxa de greves e a diminuição da produtividade".


O investigador disse ainda que "é natural" que exista contestação social, face às medidas de austeridade.
"Se ela não existir, isto quererá dizer que a sociedade portuguesa confirma uma das suas características: a fraca dinâmica da sociedade civil e uma cultura de passividade como elemento dominante. Ou seja, caso não exista, não é porque a sociedade portuguesa, como corpo unido, concorde com a austeridade, é porque tem um escasso capital social e uma escassa dinâmica social".


As greves gerais têm assim muito mais benefícios do que custos e têm um efeito normalizador das relações e tensões sociais. São uma espécie de gritos de alerta que ajudam a pacificar as populações.



Um sinal revolucionário?


Apesar da situação política ser diferente da actual, Jean Jaurès explicava porque era contra as greves gerais, não pela legitimidade da greve em si, mas porque essa deveria apaixonar e preparar esse movimento e nunca servir de disfarce da violência. 


Não estando reunidas estas condições, as greves gerais arriscam-se a ser perigosas utopias que afastam as classes mais desprotegidas dos combates mais realistas com vista à conquista de de melhorias sociais.


No entanto reconhecia que as greves gerais, apesar de impotentes como método revolucionário, só por si são um sinal revolucionário da maior importância por serem um aviso prodigioso para as classes privilegiadas, mais de que um meio de libertação para as classes exploradas.





http://aeiou.expresso.pt/impacto-no-pib-de-um-dia-de-greve-e-impossivel-de-calcular=f689187
http://www.dinheirovivo.pt/Economia/Artigo/CIECO023537.html

http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=2061941





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