Terceira e última parte dedicada às guerras dos Estados Unidos.
Esta é a vez das operações encobertas desde o fim da Guerra Fria até hoje.
As acções encobertas: 1964 - 1986
1992-1995: Iraque |
Saddam Hussein |
De acordo com ex-agentes da
intelligence dos EUA entrevistados pelo The New York Times, a CIA orquestrou uma campanha de bombas e sabotagem entre 1992 e 1995 no Iraque, através de uma das organizações revoltosas, o
Iraqi National Accord, liderado por Iyad Allawi. A campanha não teve efeito na tentativa de derrubar o governo de Saddam Hussein.
De acordo com o governo iraquiano na época e com o testemunho do ex-agente da CIA Robert Baer, a campanha de bombardeios contra Bagdad incluiu tanto o governo quanto alvos civis: um cinema e um atentado contra um autocarro escolar (o que provocou a morte de estudantes). Iyad Allawi foi depois nomeado primeiro-ministro interino pela coligação internacional liderada pelos EUA que invadiu o Iraque em 2003.
1993: GuatemalaEm 1993, a CIA ajudou a derrubar o governo de Jorge Serrano Elías. Jorge, então, tentou um segundo golpe, suspendeu a constituição, dissolveu o Congresso e o Supremo Tribunal Federal, instituiu a censura. Foi substituído por Ramiro de León Carpio.
2000: Sérvia Os Estados Unidos são acusados de ter feito esforços secretos para derrubar o socialista Slobodan Milosevic na Sérvia, durante e após os eventos da Guerra do Kosovo. A Revolução de 5 de Outubro removeu Milošević e instalou um governo pró-ocidental que permitiu a extradição de Milosevic e outros suspeitos de crimes de guerra.
2001: AfeganistãoEm 2001, as unidades da
Special Activities Division (Divisão de Actividades Especiais, SAD) da CIA foram as primeiras forças norte-americanas a entrar no Afeganistão. Organizaram a Aliança do Norte para a chegada posterior das novas forças das expedição internacional. O plano da invasão do Afeganistão foi desenvolvido pela CIA e foi a primeira vez na história dos Estados Unidos que uma operação militar tão importante foi planeada pela central da
intelligence.
2002: Venezuela |
Pedro Carmona |
Em 2002, Washington foi acusada de ter aprovado e apoiado um golpe contra o governo venezuelano. Os golpistas, incluindo Pedro Carmona, o homem instalado durante o golpe como o novo presidente, visitaram a Casa Branca meses e semanas antes do golpe.
Sempre segundo as acusações, os EUA também financiaram os grupos da oposição no ano que antecedeu ao golpe, centenas de milhares de Dólares teriam sido canalizados em doações dos EUA para os grupos de oposição, incluindo os grupos trabalhistas cujos protestos desencadearam o golpe. Os fundos, alegadamente, foram fornecidos pela
National Endowment for Democracy (NED), uma organização sem fins lucrativos. Oficiais da administração Bush e fontes anónimas reconheceram a reunião com alguns dos golpistas nas semanas que antecederam o 11 de Abri (data do golpe), mas negaram veementemente o suporte directo. O relatório do Gabinete do Inspector-Geral do Departamento de Estado dos Estados Unidos não encontrou nenhuma irregularidade acerca do assunto, nem nos ficheiros da embaixada dos EUA na Venezuela..
2002-2003: Iraque Tal como na invasão do Afeganistão do ano anterior, equipas da SAD foram as primeiras forças norte-americanas a entrar no Iraque, em Julho de 2002. Uma vez no território, prepararam as condições para a chegada das Forças Especiais do Exército dos EUA.
As equipas SAD realizaram missões atrás das linhas inimigas para identificar alvos, tal como greves contra o regime. Ataques contra generais iraquianos foram bem sucedidos e degradou significativamente a capacidade de comando dos iraquianos. Oficiais da SAD também foram bem sucedidos em convencer elementos-chave do exército iraquiano a entregar as suas unidades uma vez que a luta começou.
2004: HaitiA revolta contra o governo do presidente haitiano Jean-Bertrand Aristide foi alegadamente apoiada pelos Estados Unidos: Aristide afirma que foi fisicamente retirado do País pelo pessoal dos EUA, contra a sua vontade.
2005-hoje: IrãoO presidente George W. Bush autorizou a CIA a empreender operações encobertas no Irão, num esforço para desestabilizar o governo local. Um artigo de 2005 do The New York Times afirmou que a administração Bush estava a aumentar os esforços para influenciar a política interna do Irão, com a ajuda de grupos pró-democracia exteriores e da oposição interior. Funcionários do governo (não identificados) afirmaram que o Departamento de Estado também estava a estudar dezenas de propostas para investir 3 milhões de Dólares "para o benefício dos iranianos que vivem dentro do Irão".
Em 2006, o Congresso dos Estados Unidos aprovou o
Iran Freedom and Support Act (Lei de Liberdade e Suporte para o Irão), que canalizou 10 milhões de Dólares para os grupos de oposição ao governo iraniano.
Em 2007, a ABC News relatou que o presidente Bush havia autorizado uma operação secreta de 400.000.000 de Dólares para criar instabilidade no Irão. De acordo com o The Daily Telegraph, a CIA também prestou apoio a uma organização militante sunita chamada
Jundullah, que lançou ataques contra o Irão a partir de bases no Paquistão. O The New Yorker alegou que os EUA forneceram fundos e treino para a
People's Mojahedin Organization of Iran e o
Party for a Free Life in Kurdistan, ambos grupos militantes de oposição ao atual governo iraniano. Até 2012, o Departamento de Estado dos EUA considerava a
People's Mojahedin Organization of Iran como uma organização terrorista.
2006-2007: SomáliaEmbora os Estados Unidos sempre tiveram um particular interesse na Somália, só no início de 2006 a CIA começou um programa de financiamento em favor duma coligação anti-islâmica de "senhores da guerra". Isto envolveu a CIA para canalizar os pagamentos de centenas de milhares de Dólares para a aliança para a
Alliance for the Restoration of Peace and Counter-Terrorism, adversária da
Islamic Court Union.
2006-hoje: Faixa de GazaDepois de vencer as eleições legislativas em 2006, Hamas e Fatah formaram a Autoridade Palestina, o governo de unidade nacional de 2007 liderado por Ismail Haniya. Em Junho do mesmo ano, Hamas assumiu o controle da Faixa de Gaza e os elementos do Fatah removidos, mas as autoridades americanas prometeram continuar a financiar esta última com 84 milhões Dólares, na tentativa de melhorar a capacidade de combate da Guarda Presidencial Abbas leal ao Fatah. Os EUA justificaram-se afirmando que a ajuda era "não-letal", consistindo em treino, uniformes e materiais bem como o pagamento de infra-estruturas.
2011: Líbia2012: SomáliaEsta é história dos nossos dias.
Ipse dixit.
Relacionados:
Todas as guerras dos Estados Unidos - Parte I
Todas as guerras dos Estados Unidos - Parte II
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