Conspiração
Bem vindo o colapso (e Bom Ano Novo!)
Olá queridos Leitores do blog!
Que dia é hoje? 29 de Dezembro.
Isso significa que em breve o ano vai acabar. Paciência, costuma haver outro. E parece que o novo terá o nome de 2015. Bonito, sem dúvida.
Então, vamos aos votos? Isso, os votos.
O que podemos dizer como voto? Bom Ano? Feliz 2015?
Olhem, vou ser sincero: estou farto. Não do blog, não da vida, ora essa. Estou farto de nós, que vivemos como idiotas. E que podemos viver só como idiotas, ao que parece. Acho ser preciso um
reset, um Ctrl+Alt+Delete.
Perdi a esperança? Sim, mas não no Futuro: no Presente. Estamos longe dum sistema que possa ser definido minimamente "inteligente", "são", "justo"...demasiado longe. E acho também que isso não vai endireitar-se. Não é apenas a sociedade podre, são os alicerces que foram estragados.
Pegamos na política. É uma coisa aborrecida a política? Não, não é: nós, todos nós fazemos política continuamente. Ligar o carro é um acto político, comprar o pão é um acto político. Mas há um outro nível político que desapareceu, totalmente.
Desde os primórdios da nossa civilização foram os filósofos a orientar a política. Esquisito, não é? Nada de licenciados em Economia ou em Direito, mas Filósofos. Se pensarmos nisso faz todo o sentido: fazer política, tomar decisões em nome dos eleitores, significa também escolher um rumo, no base do qual deve haver um ideal. Não importa qual, sempre ideal é.
Na Grécia Antiga havia Aristóteles e Platão; na Idade das Trevas ainda Aristóteles dominava o pensamento político (tivesse "ganho" Platão as cosias teriam corrido melhor, acho eu) com os Padres da Igreja, mais logo foi a altura da Escolástica (Tomás de Aquino, Alberto Magno, Raymond de Pennafort, Henrique de Langenstein, Nicholas Oresme) que levou até uma batalha contra o lucro e não apenas contra a usura como tentam fazer nos crer, porque "o tempo é de Deus e, portanto, de todos e não pode ser sujeito ao mercado" (pois, meus Senhores, na Idade Média tinham chegado lá onde nós só com esforço conseguimos).
Mais tarde o Iluminismo de Kant, de Hegel, depois Marx e todos os descendentes destas linhagem, liberais ou marxista. O último filósofo digno deste nome foi Martin Heidegger, na década dos anos Trinta, que debatia da questão da modernidade, da tecnologia. Desde então, o pensamento está morto.
Morreu mesmo e a filosofia política com ele.
Ficámos agarrados à ideia de Direita e Esquerda, ponto final, daí não é possível sair. Porque? Porque estas duas categorias, Direita e Esquerda, além de já não se diferenciar em quase nada desde que a Esquerda ter aceite as regras do mercado (coitado do Marx!!!), têm mais de dois séculos, dois séculos que correram com a velocidade da luz, que mudaram tudo numa medida que nenhum outro século tinha conseguido antes.
Estas duas ideias não são capazes de compreender as necessidades mais profundas do homem moderno que, apesar das aparências, não são económicas mas existências. Pode parecer esquisito isso dito por um blog que sempre teve debaixo do olho a economia e que continua a repetir "sigam o dinheiro para entender como funciona o mundo". Mas esquisito não é: para perceber os mecanismos da nossa sociedade temos inevitavelmente que seguir o trilho do dinheiro, pois tudo passa por aí. Mas as exigências dos homens já estão num outro patamar.
Hoje vivemos na equação "produzes, consomes, morres" (que nos últimos tempos tornou-se mais um "consomes para produzir e morres"), este é o topo da filosofia contemporânea. E nem perguntamos se este mecanismo faz sentido ou para onde irá nos levar, não perguntamos por medo de ouvir a resposta. E porque, como afirmado, o pensamento é morto. As pessoas sentem que entrámos em colapso. Não dizem, não discutem, mas sabem isso.
Temos introduzido no sistema uma quantidade enorme de dinheiro que já não dá para pagar mais nada, é só uma aposta para um Futuro que não existe. Ao mesmo tempo, a Terra já não atura mais estas pulgas que poluem, destroem, matam, desviam, reduzem, exploram até o último recurso natural. É o limite. Qual chegará antes, o colapso económico ou aquele ambiental? O primeiro, não tenham dúvidas.
Preocupados? Nem por isso. Seria horrível, isso sim, continuar da mesma forma e sobretudo criar filhos que tivessem que perpetuar esta triste novela. Seria uma maldade, não temos este direito. A mudança é a solução, no colapso se encontra a esperança.
Atenção: não há espaço aqui para coisas do tipo "quanto pior, tanto melhor". Nunca foi este o espírito do blog. E não há nada de negativo aqui, este não é um artigo pessimista, é exactamente o contrário: há esperança, e muita, porque a queda será, finalmente, a altura para encarar a nossa doença, que não temos o direito de transmitir para as gerações futuras. O nome da doença? "Decadência", e em fase aguda.
Que venha o colapso, o tal
reset. Porque só com uma mudança radical haverá possibilidade das novas gerações recomeçar de novo, longe dos nossos partidos, das nossas Bolsas, das nossas
commodities, das nossas
false flag. Com um pouco de sorte, até teremos o tempo suficiente para espreitar o nascimento do novo mundo. Será bonito. E, sobretudo, será justo.
Mas enquanto esperamos pelo colapso, melhor ficar bem dispostos e passar bem os nossos dias, não acham? Pelo que nada de "Feliz Colapso", que nem sabemos ao certo quando chegará.
Melhor apostar no clássico (e sentido!):
Votos dum Feliz 2015!
Ipse colapso!
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