Dois cenários para o fim - Parte I
Conspiração

Dois cenários para o fim - Parte I


O perigo mais grave para a civilização?
A Assembleia Geral das Nações Unidas, Barack Obama e o presidente iraniano Rohani não têm dúvida: é o Isis, o Califado.

Daria uma boa gargalhada se não fosse trágico.
Há pelo menos dois perigos dos quais poucos ou ninguém fala. E, pasme-se o Leitor, não é a Nova Ordem Mundial, não é a Finança dos Grandes Tubarões.

Há algo mais, algo que temos debaixo dos olhos todos os dias mas que teimamos em não ver.

São dois "pormenores": o primeiro irá abalar a nossa sociedade, o segundo irá enterra-la. Ou se calhar não: se calhar actuarão na mesma altura, numa combinação letal. Não sabemos, ninguém sabe.

A verdade é que debaixo da estúpida ferocidade dos guerrilheiros do "Califado" ainda há algo humano, muito humano. O primeiro verdadeiro perigo para a civilização de humano tem pouco e o nome dele é Ciência.

DNA semi-sintético auto-replicante

Nada de discursos obscurantistas aqui, nada de "os bons velhos tempos da Idade Média". Não é isso que está em causa, ninguém quer voltar atrás e nem parar o progresso. Simplesmente, temos que observar o caminho que está a ser percorrido já agora.

Roberto Cingolani, director Instituto Italiano de Tecnologia em Genova:
Em 15 anos teremos um robô inteligente em cada casa. Um humanóide de 5.000 Euros. A máquina irá desenvolver as tarefas domésticas, cuidar dos idosos. Em 30 anos estaremos prontos para o grande salto: um robô coberto de tecidos orgânicos, fibras orgânicas sob a pele, como músculos, capazes de fazê-lo mover-se. Vai ser forte e inteligente quanto nós.
"Inteligente quanto nós"? Coitado do humanóide... Mas agora isso não interessa. Porque, além das palavras, já há factos. Os cientistas de La Jolla (Califórnia) criaram o primeiro organismo vivo com um DNA semi-sintético que pode replicar-se. Um DNA, que, na verdade, já existe, mas que "em quatro biliões de anos a Natureza escolheu não utilizar (e terá sido por alguma razão, não é?).

Edoardo Bonicelli, professor de Biologia e Genética na Universidade de Milano, antigo Director da Escola Internacional de Estudos Avançados de Trieste e chefe do laboratório de Biologia Molecular do Instituo Científico San Raffaele em Milano:
O homem pode construir a vida, mas eu estou convencido de que muitos continuarão a rejeitar teimosamente o conceito.
Teimosamente? Aqui a questão é saber quem for mais teimoso: as pessoas que provam horror perante as ovelhas clonadas, os DNA recusados pela Natureza, a comida alterada geneticamente ou quem continua com sensacionalistas acrobacias tecnológicas que apresentam um horizonte pelo menos duvidoso.

Temos que travar o progresso? Temos que abdicar da Ciência?

Não, absolutamente não. O progresso é inevitável e a Ciência deve ser apoiada porque, entre as outras coisas, tem o poder de iluminar o futuro. Mas temos o direito de escolher qual a estrada que a Ciência pode seguir, temos que ter o direito de trabalhar para um progresso que seja escolhido, não passivamente aceite.

Entre Gregos e OGM

É um dilema tão antigo quanto o homem, a única criatura (?) a ter conhecimento: tudo o que sabemos deve necessariamente ser aplicado?

Os antigos Gregos achavam que não. Com Pitágoras, Filolau, Heráclito e outros extraordinários pensadores, possuíam as bases teóricas da mecânica que teriam permitido construir engenhos muito parecidos com os nossos (feitas as lógicas proporções). Mas pararam, percebendo que alterar o equilíbrio que a Natureza tinha elaborado era perigoso.

E o homem moderno? Bêbedo de si mesmo, perdeu a antiga sabedoria.
Dizia Eduardo Amaldi, colaborador de Enrico Fermi (o pai da bomba atómica):
Se o homem pode fazer uma coisa, mais cedo ou mais tarde vai fazê-la.
O ensinamento de Heráclito foi esquecido.
Não importa quantas pesquisas forem feitas: a Lei Última continua a nos escapar. cada vez mais distante, cada vez mais em profundidade.

Dizia Heráclito:
Tu não vais encontrar os limites da alma, apesar de continuar a tentar, tão profunda é a sua razão.
Em vez disso, vão mexer no DNA, convencidos de que seja possível alterar as regras da Natureza ou até mesmo criar e replicar a vida ao nosso gosto.

Todo este discurso bem pode parecer nostálgico, conservador, medroso, uma espécie de Velho do Restelo em versão moderna e bem pouco trendy. E nem falamos dum genérico "medo do robô": já houve, em tempos, o medo das máquinas, aquelas que deveriam ter roubado o trabalho ao homem; nada disso aconteceu e nem acontecerá no futuro, com ou sem humanóides (que, pelo contrário, poderão bem desenvolver aquelas tarefas mais desgastantes e perigosas).

Mais uma vez: nada disso. A questão aqui é muito mais complexa: existem limites? Devem existir? Se sim, onde ficam? E porque a Ética (esta sim capaz de individuar alguns dos tais limites) é continuamente atropelada? Em nome de quê? Apenas do dinheiro?

O risco? Perder-nos. Alterar algo sem que antes esteja perfeitamente claro quais as inevitáveis e totais consequências. O caso dos OGM, os organismos geneticamente modificados, representa um bom exemplo disso, mas são apenas o começo.

Podemos imaginar um futuro no qual um DNA semi-sintético e auto-replicante contaminará o ambiente? Ou um futuro no qual o nosso DNA será alterado em nome duma alegada melhoria?

Ou temos a certeza absoluta, desde já, que nada disso irá acontecer?
Se a resposta for "sim", então pense no milho ou na soja OGM que acabou de engolir ao almoço.


Ipse dixit.

Fontes: no fim da segunda parte.



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