Luttwak: a mentira ao poder
Conspiração

Luttwak: a mentira ao poder


Edward Luttwak é uma das eminências pardas de Washington.

Nascido de família hebraica na Roménia, crescido em Italia e Reino Unido, desde 1972 estabeleceu-se nos Estados Unidos, tornando-se conselheiro do Secretário da Defesa, do Departamento de Estado, da Marinha, do Exército, da Aviação, da Nato e de várias empresas privadas, também ligadas ao sector da Defesa.

Faz parte do think tank Center for Strategic and International Studies (CSIS), pelo que trata por "tu" pessoas como Henry Kissinger, Zbigniew Brzezinski, Madeleine Albright e os executivos da Boeing, da Coca Cola, General Dynamics, Morgan Stanley, Glaxo Smith...

O diário online Lettera 43 conseguiu entrevistar Luttwak.
E o resultado é arrepiante.
As eleições EUA

Lettera 43: Partimos da corrida para a Casa Branca. De momento fala-se muito do magnata Trump, mas de ideias há poucas.
Luttwak: Claro. Esta é a fase aberta do processo de seleção presidencial, em que novas pessoas têm a oportunidade de entrar na política nacional. A maioria são políticos e governantes locais, mas também há alguém que nada tem a ver com a política.


Figuras para alegrar o espectáculo?
Um dos pré-candidatos republicanos é o Dr. Carson: um médico preto [literal, ndt] que passou algumas vezes na televisão. Só por isso é considerado um candidato. Tem realmente possibilidades? Não, mas mesmo assim tem milhões de pessoas a segui-lo.

O que faz sentido?
Se isso não acontecesse, a política americana se tornaria como a europeia, que é um clube para pessoas dedicadas a política desde o nascimento. Em vez disso, a americana é aberta e assim deve permanecer. Depois, na altura de votar, já que Obama é considerado um presidente não eficaz, os eleitores vão saber escolher.

Os Republicanos consideram que não é eficaz. E há os desapontados. Mas a sua popularidade é muito mais elevada do que a de Bush no final de mandato: 46,1% contra 22%.
Eu não falo de popularidade. Digo digo que é geralmente sabido que Obama não tinha experiência e de lá nasceram seus problemas. Portanto, o vencedor será alguém com um background diferente.

Por quais erros critica Obama?
Tem sido fraco em política externa, mesmo no acordo com o Irão: os Americanos no geral acham o acordo fraco.

No entanto, 43% é a favor e 30% contra, de acordo com as últimas pesquisas (17 de Julho, YouGov).
Sim, mas mesmo aqueles que apoiam o acordo acham que pende em favor dos Iranianos. A percepção é de que o Secretário de Estado Kerry foi acampar-se em Genebra e os persas perceberam que ele não teria ido embora sem um acordo. Então colocaram um preço elevado na mesa e ele aceitou.

As ovelhas iranianas

O que você acha do acordo?
Penso que isso não é importante.

Não?
Não. Houve outros desde 1979 e sempre foram violados e interrompidos pelo regime iraniano. Desde os primeiros tempos: em 1980, Jimmy Carter enviou Brzezinski para falar com o Ministro das Relações Exteriores iraniano e endireitar as coisas. Fizeram um acordo, então o iraniano voltou para casa e depois de um tempo enforcaram-o e quebraram o acordo.

Tinha havido a revolução, a situação era muito quente.
Há alguns anos os britânicos negociaram a reabertura da embaixada. Então as pessoas em Teherão fizeram uma manifestação, explodiu um caos e queimaram tudo.

Então como explica a actual abertura de Teherão?
Os Iranianos fazem movimentos positivos de vez em quando, agora colocaram lá este presidente muito simpático, Rohani. Antes havia outro simpático, o filósofo [Mohammad Khatami, ndt]: mas, depois, atiraram-o para fora. Esta é a história até agora: uma história de meios passos e acordos revogados.

Não acha que o embargo tenha produzido resultados, obrigando o Irão a abrir-se?
Enquanto houver a Guarda Revolucionária, que tem um poder separado e controla 20% do sistema, o que é incompatível com um ambiente tranquilo, os acordos serão feitos e quebrados.

No entanto, o povo de Teherão começou a colocar pressão sobre o poder, o que não acontecia antes. Pegue na Onda Verde em 2009.
Khamenei é o líder supremo. Recentemente, disse que não achava que o acordo iria ser feito e que o Irão continua hostil para com a América.

Khamenei joga em dois níveis, é um velho truque.
Se eu me colocar na frente da sua casa e digo que vou mata-lo, você se quiser pode tentar racionalizar. Pode dizer: "Coitadinho, compreendo, sofreu quando era criança, foi tratado mal". Mas se você permite que alguém o ameace de morte na frente da sua casa e, em seguida, você for morto a sério, o mínimo é que as pessoas pensem que você foi um estúpido.

Vamos voltar ao Irão.
Deixe-me dar-lhe outro exemplo. Eles têm na prisão este repórter do Washington Post [Jason Rezain, ndt] e poderiam condená-lo à morte, apenas para manter o equilíbrio interno: assim dão um osso ao cão, a Guarda Revolucionária. Estes são os pensamentos que foram feitos em Teherão antes do discurso de Khamenei e são reflectidos nas palavras hostis do Ayiatollah.

Os regimes não se tornam mais agressivos verbalmente quando se sentem menos seguros?
No Irão não há uma multidão que assuste o ditador. Eles são ovelhas.

Ovelhas?
75% dos Iranianos são contra o regime, mas quando fizeram a revolta, a Onda Verde, foram suprimidos com pouco. Foram suficientes um pouco de bastonadas e foram todos para casa. Prenderam os líderes da revolta e ainda estão na prisão, sem que ninguém proteste. Esta não é uma população que assusta os governantes: estas são ovelhas. E os governantes sabem disso.

Ovelha não parece uma definição correta para aqueles que vão às ruas, desafiando o regime e fica com as bastonadas. Em vez de marcá-los como ovelhas, não deveriam ser ajudados?
Uma invasão do Irão pode ajudá-los, de facto.

Falamos de forma séria...
Sério, eu não sei de que outra forma seria possível ajudar. Certamente não com o fazer concessões aos seus "donos". Certamente não sentando-se com eles e tratá-los como se fossem diplomatas normais. legitimando-os. Estamos aí para recebê-los e beija-los e fazer caminhadas na mata, enquanto eles estão a rir, pensando "Todos nos respeitam mesmo ao enforcar gays e gritar morte à América".

Amigos e inimigos

A Arábia Saudita enforca os homossexuais e as mulheres, e os EUA nunca tiveram problemas em receber e tratar com os Al Saud.
Você não se senta para fazer um acordo com aqueles que dizem "morte para América e Israel". Os sauditas enforcam os gays e os pobres coitados que trabalham em Riad, mas não gritam "morte à América". Não querem enforcar os americanos.

Portanto o tratamento para gays, mulheres ou pobres coitados é irrelevante. Não é isso que legítima ou não um governo.
Há uma diferença entre amigos e inimigos. É como ter um amigo imundo e malcheiroso, mas que não quer prejudicar-nos. Depois há outra pessoa, o seu inimigo, que quer fazer-lhe mal. Quando forem confundidos amigos e inimigos não se pode fazer política internacional.

Exactamente. O comportamento dos regimes não contam, contam se forem amigos.
Conta que, se alguém dizer "morte para os EUA", podemos considerá-lo um louco, mas você não discute com um louco. Em qualquer caso, o público americano não vai fazer uma revolta se o acordo passar porque pouco importa. E em Israel conta ainda menos.

Por qual razão?
Os agentes israelitas sabem que o programa nuclear iraniano está atrasado, é ineficaz e corrupto e, em qualquer caso, eles já se infiltraram portanto sabem como proceder. Por isso não havia pressa para fechar um acordo. Além disso, na altura em que o Irão  começasse a montar um míssil, não seria capaz de terminá-lo: Israel iria bombardeá-lo antes. 

Entre todos os candidatos à Casa Branca, quantos estão prontos para apoiar uma política tão agressiva?
Ninguém. Essa fase acabou. Todos compreenderam que quando há o Islão, bombardeá-los é inútil, ajuda-los é inútil, usar métodos diplomáticos é inútil.

Então?
É preciso sair do Oriente Médio e focar-se na área Ásia pacífica, onde as pessoas trabalham e não saem com uma toalha na cabeça e um lençol sobre o corpo sem fazer um caralho [literal, ndt]. Nos países da Ásia pacífica há amigos, há candidatos e há concorrentes. Na América todos concordam sobre a importância de se concentrar nesta área.

Abandonando o Oriente Médio?
Na área islâmica o sistema americano não funciona, porque eles não querem o desenvolvimento.

Talvez não querem aquele desenvolvimento que a América tem tentado impor.
O conceito de desenvolvimento deles é ir para a mesquita cinco vezes por dia, com uma toalha sobre a cabeça, sentar-se por cima dos poços de petróleo e esperar que os estrangeiros venham a trabalhar. Os norte-americanos têm entendido que este sistema não é bom.

Petróleo? Não, nunca!

Enquanto houve Saddam e o petróleo servia, então era bom.
Estas são pessoas que podem ser mantidas sob controle apenas por ditadores, mas é um método que não interessa aos EUA. Os americanos não querem ficar em áreas onde não é feito nada e o único equilíbrio possível é dado por um ditador malcheiroso.

Esta é uma novidade. Bush pai fez uma guerra no Iraque sem tocar Saddam. Em seguida, o filho fez o mesmo, mas destronando Saddam.
A guerra contra Saddam ou Khadafi, sabe porque foram feitas? Ilusão. A ilusão duma melhoria. Esperava-se que ao remover o ditador surgisse a democracia, como acontece em todo o mundo. Mas não nas áreas islâmicas. Lá descobriram que ao remover o ditador emergem fanatismo e anarquia. Veja o Egipto: depois de um curto período de transição, foi necessário voltar ao autoritarismo.

É uma coincidência que a descoberta e o abandono do Oriente Médio coincidam com a independência energética dos Estados Unidos?
Esta é uma coincidência que não tem impacto. Não é que os americanos garantissem a energia com o mundo árabe.

Não?
Em todos esses anos, a América estava preocupada com a produção de petróleo apenas para os seus aliados, não para si mesma. Os EUA importaram do Canadá, México e Venezuela. Ninguém na América já fez uma guerra pelo petróleo.

Não é fácil de provar.
A guerra pelo petróleo é uma convicção dos estúpidos da Esquerda europeia. Se a América tivesse lutado pelo petróleo, teria cuidado dos poços na invasão do Iraque: pelo contrário, houve uma evidente falta de interesse para os poços. Ninguém viu marines defender poços e nenhuma empresa americana obteve concessões.

Mas tentaram. E apostava-se no negócio de reconstrução.
A reconstrução ainda não foi feita e, repito, não há nenhuma concessão no Iraque: há chineses e europeus, mas não EUA. Essa ideia de que os americanos vão à guerra pelo petróleo é uma explicação filha do Leninismo de 1921. Não houve nenhum interesse por trás dessa guerra.

E as concessões, por exemplo as da Halliburton de Dick Cheney, ex-vice-presidente dos EUA e executivo da empresa durante a guerra?
Halliburton tratava da logística das forças norte-americanas. Não tinha nada a ver com o petróleo.

Então, qual foi o ganho dos norte-americanos numa das piores guerras da sua história?
Zero.

Zero?
A ilusão da democracia. Até que houve um debate no Senado e eu mesmo tomei a palavra para dizer de não invadir o Iraque porque não havia nenhuma possibilidade que as coisas melhorassem sem um ditador. Um membro do governo disse: "Este é o racismo". Eu disse: "Não, é cultura". Mas naquela época não era possível discutir do assunto. Agora sabemos: daí a recusa a intervir na Síria e não se envolver no Oriente Médio também.

Então, Obama fez bem em não tomar medidas, embora tenha sido criticado por causa das suas decisões na política externa.
Obama se move dentro do novo consenso estratégico, uma ideia compartilhada no país. Ele não foi contra o consenso, mas acompanhou-o.

Dos candidatos para a Casa Branca, pelo menos um, Donald Trump, no entanto, disse que estava pronto para enviar tropas para o Oriente Médio.
Esqueça Donald Trump. O objectivo da nossa abordagem ao sistema nas primárias é deixar a porta aberta. E assim também entram personagens: por um lado, há um preto cirurgião [literal, ndt], este Carson; por outro há um showman como Donald Trump. Além disso, quando em Itália o sistema fracassou com Tangentopoli, chegou Berlusconi, e quando quebrou novamente chegou Grillo.

Chamando-os de personagens significa que não têm nenhuma possibilidade de ganhar?
Não têm possibilidade porque no final a escolha recairá sobre alguém com experiência. Um dos governadores dos vários estados ou Hillary é o próximo presidente.

A Dívida? Uma brincadeira

No primeiro debate republicano também falou-se da China. Principalmente para reclamar sobre como os EUA não sabem lidar com ela.
A China é um nosso grande aliado comercial, nosso rival estratégico e é um país onde se trabalha e se produz muito. Claro que há concorrência e rivalidade entre os chineses e os americanos, um deles quer permanecer ou tornar-se hegemónico no Pacífico. A corrida já começou.

E, a julgar pelo tom, pela espionagem e pelos movimentos financeiros, não é das mais correcta.
Os chineses têm vantagens, nós temos outros. Mas nós vamos vencer o desafio, porque temos aliados na área e eles não. Eles tinham apenas um aliado, Myanmar, e o perderam.

Por outro lado eles têm 7% da Dívida dos EUA.
E quem se importa, não é possível usar a dívida da América contra a América. Eles compram Dívida para manter o Yuan baixo.

Se tivesse que vende-la, para os EUA seria um grande problema.
Há uma regra: se tenho que dar-te mil Euros, podes levantar a voz. Mas se tenho que dar-te 30 milhões, tens que ser muito bom para mim, porque esperas que eu devolva o dinheiro. A ideia de que manter a dívida pública seja uma ferramenta estratégica é um absurdo.

Acerca do qual os economistas e política preocupam-se há anos.
O Tesouro dos EUA pode revogar a dívida a qualquer altura. Entre outras coisas, não é que os chineses tenham hipotecas sobre lares americanos: os seus Dólares são apenas números num computador da federal Reserve. Então, não constituem uma arma estratégica.

Qual é o objectivo final dessa hegemonia, se o fornecimento de energia não tem nada a ver?
Os americanos são muito ideológicos, e assim podem definir as regras da ideologia americana. A América é o único estado ideológico no mundo: não é estado linguístico, étnico ou racial. Não é um estado-nação, é um estado ideológico.

Se for por isso, também Cuba é.
Cuba é um bando de caribenhos governados por um sinistro ditador comunista e o seu irmão quase morto. É muito diferente dos Estados Unidos. Não é que os cubanos chegaram em todos os lados para ser regidos pela Constituição cubana em que se podem reconhecer.

Bin Laden, Isis & dinheiro

Mas os militantes do auto-intitulado Estado Islâmico sim.
Absolutamente sim: a ideologia de Maomé. Por isso há as mulheres escravas e todo o resto: porque era assim que o profeta fazia. Maomé era o homem perfeito que eles imitam.

Então, é um choque de ideologias, como aconteceu com os soviéticos. Dum lado há os Estados Unidos, do outro lado o Estado islâmico: cada um empurra a sua.
Sim, mas há uma diferença entre um bando de fanáticos islâmicos e a Constituição dos EUA que inspirou a Revolução Francesa e todas as revoluções ao redor do mundo.

Sem dúvida. Acha que, no entanto, que os americanos têm alguma responsabilidade na criação do fanatismo islâmico?
Não, aquelas são crenças que vêm do Alcorão. E o Alcorão não é feito nos EUA.

Mas de acordo com algumas reportagens [o Guardian e Globalresearch, ndt], os Estados Unidos  têm apoiado e financiado os guerrilheiros anti-xiitas do Isis.
Esta é fantasia, não informação. A ideia de que os Estados Unidos financiem o Isis é propaganda iraniana que carece de qualquer facto até pequena para basear-se. É como dizer que a CIA financiou as Brigadas Vermelhas.

Os Estados Unidos não financiaram e armaram Bin Laden?
Quando são ditas estas coisas acerca do Isis deve ter um apego à realidade. Se você acreditar nem que seja por um momento, então está fora de informações.

Há relatórios confiáveis ​​que falam sobre isso. Pergunto: não aconteceu já com Bin Laden? O facto de já ter acontecido não torna isso plausível?
Tenho que voltar ao trabalho, adeus.

Acaba assim, de forma abrupta, a entrevista.
Pouco mal, já deu para entender o Luttwak-pensamento: uma mistura de racismo, mentiras, lugares comuns e mais mentiras.

Agora: fosse o simpático Luttwak um desgraçado qualquer, pouco disso importaria. Mas é um dos principais conselheiros das forças armadas dos EUA, da Administração, da Nato, com amizades de primeiro plano. Luttwak é um daqueles "que contam".

Como possa um indivíduo assim ser uma pessoa tão influente é um mistério: numa sociedade normal seria enviado para uma instituição de reabilitação. Na nossa, pelo contrário, puxa os cordéis.
E nem é o único assim.


Ipse dixit.

Fontes: Lettera 43, no texto



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