Conspiração
Wesley a toupeira
Lembram-se do General Wesley Clark?
Em Junho de 1999, este génio quase provocou a III Guerra Mundial ordenando aos Britânicos para disparar contra as forças de paz russas desembarcadas antes dos Americanos na capital do Kosovo, Pristina. Para boa sorte, o comandante britânico da força de paz, o General Sir Mike Jackson, teve a coragem de responder: "Não vou começar a Terceira Guerra Mundial para você".
Wesley Clark é o típico produto do exército dos EUA: West Point, uma licenciatura em Ciência Militares, 34 anos ao serviço do Departamento da Defesa, decorações e Medalha Presidencial da Liberdade. Fosse também inteligente seria quase perfeito. Mas não é possível ter tudo.
Global Research lembra de quando numa entrevista com a jornalista Amy Goodman, em 2007, revelou que um dos generais mais importantes do Pentágono lhe tinha mostrado uma nota do então secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, não muito tempo depois do ataque de 11 de Setembro.
A nota continha os planos de guerra dos EUA a nível mundial. De acordo com Clark, o general disse: "Queremos eliminar sete países em cinco anos, começando com o Iraque, em seguida Síria, Líbano, Líbia, Somália, Sudão e, finalmente, o Irão". Na prática, tinha sido revelado o conteúdo da nota. Clark perguntou: "É um documento confidencial?". O geral respondeu: "Sim, senhor". Então: "Bem, não o mostre a mim".
Estes são os níveis de QI que circulam.
Portanto, não admira que o simpático Wesley Clark continue a abrir a boca para dizer coisas que não deveria dizer. Segundo o antigo General, o ISIS foi criado e patrocinado "pelos nossos aliados mais próximos":
O ISIS nasceu graças ao financiamento dos nossos amigos e aliados [...] para lutar até a morte contra o Hezbollah.
Clark não especifica quais são esses "amigos e aliados", mas deixa claro que o ISIS se tornou um "monstro tipo Frankenstein".
Nenhum surpresa: a "toupeira" Wesley Clark afinal informa acerca de coisas que já sabemos. Mas é sempre bom ter mais uma confirmação. Os aliados dos Estados Unidos no Oriente Médio têm ajudado a criar o Estado Islâmico, a organização para combater a qual os EUA estão agora a gastar biliões de Dólares.
Riscos
Mais interessante a afirmação pela qual o ISIS tornou-se algo tipo "Frankestein". Será que o joguinho
escapou das mãos dos criadores? Pode ser, mas não totalmente.
Não podemos esquecer que o ISIS ainda não mexeu um só dedo contra israel. E isso deve obrigar a pensar. Sem imaginar foguetes contra Tel-Aviv, uma intervenção no Líbano, ao lado dos Hezbollah por exemplo, seria possível. Ou na Palestina (de maioria sunita, tal como o ISIS).
Mas nada. O Estado Islâmico prefere decapitar outros islâmicos ou até enviar tropas para a Líbia em vez de atacar o principal inimigo da região, o aliado do "Império do Mal", que fica aí mesmo ao lado.
Muito curioso.
Todavia, as coisas podem não ser tão simples. Se por enquanto a situação parece controlada por parte daqueles que criaram e ainda financiam o Estado Islâmico, a verdade é que este está a tornar-se cada vez maior. São dezenas de milhares os voluntários que chegaram de todo o mundo: pode não ser fácil manter o rumo escolhido.
Mais: o relacionamento entre as monarquias do Golfo e os EUA está num nível muito baixo. Os EUA sabem quem financia o ISIS, as monarquias sabem que os EUA sabem: mas as monarquias têm o petróleo, que Washington quer utilizar para pressionar a economia da Rússia e de outros Países "inimigos". Pelo que, oficialmente, continuam os apertos de mão e as palmadas nas costas.
Quanto pode durar esta teatro? Quanto está disposta a arriscar Tel Aviv, que provavelmente participou na criação dum Estado Islâmico que pode rapidamente mudar de rumo? Quanto estão dispostos a arriscar os EUA, agora que o acordo com o Irão está cada vez mais perto (e lutar contra o ISIS é também uma forma indirecta de ajudar o Irão)?
Provavelmente, o ISIS representa o jogo mais arriscado alguma vez criado pelas monarquias do Golfo (em colaboração com outros actores, claro: CIA, israel...), bem mais perigoso do que o
franchising Al-Qaeda. Um jogo no qual apostaram muito (o relacionamento com os EUA, por exemplo). Sinal que os tempos mudaram: as monarquias já não confiam plenamente na capacidade e provavelmente nas verdadeiras intenções de Washington e querem desenvolver um papel de protagonista para eliminar duma vez por toda a ameaça xiita da região.
Algo que nós não interessa? Interessa e muito: é das monarquias do Golfo que corre a maior parte do sangue preto que alimenta as veias do nosso mundo.
Ipse dixit.
Relacionado: O Novo Século Americano
Fonte: Global Research
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