Portugal: as previsões para 2013
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Portugal: as previsões para 2013


Falemos de Portugal? E falemos de Portugal.
Diário Público de hoje:
O Banco de Portugal reviu em baixa nesta terça-feira as suas projecções de crescimento económico para este ano, devido à evolução mais negativa do que o esperado das exportações.
O blog e alguns Leitores já tinham feito o mesmo há algumas semanas atrás.
A queda do PIB em 2013 será, segundo as novas previsões, de 1,9%, contra uma contracção de 1,6% prevista em Novembro. O Governo e a troika, nas suas projecções macroeconómicas, estão a contar com uma contracção económica de apenas 1% durante este ano.
As previsões do Governo e da troika deveriam entrar nos manuais de economia, no capítulo "Como fazer previsões e nunca acertar, nem que seja por engano".
A entidade liderada por Carlos Costa mantém quase inalterada a sua previsão para a evolução da procura interna (estando até a apontar para uma queda do investimento menos acentuada). Por isso, a revisão em baixa do PIB é essencialmente explicada por uma evolução bastante mais fraca das exportações.
Exportações? Interessante, este é o cavalo de batalha do governo.

Agora, o BdP estima que este ano as exportações cresçam 2%, quando nas previsões anteriores apontava para um crescimento de 5%. E mesmo para 2012, enquanto em Novembro se estimava que as vendas ao estrangeiro aumentassem 6,3%, agora espera-se uma subida de apenas 4,1%.
Pois, as previsões.
Meus senhores, estamos ligados ao Euro, uma moeda ainda forte: menos do que há alguns anos atrás, mas ainda demasiado forte para Portugal. A única maneira para tornar o País um pouco mais competitivo é baixar salários, reformas e emagrecer ao máximo o Estado. Mas feito isso (e em parte já foi feito), ficamos sempre com uma moeda forte. Isso enquanto na China, por exemplo, fazem saltos mortais para manetr o valor da moeda deles o mais baixo possível.
Porque será?
Este forte abrandamento das exportações, explica a instituição no Boletim Económico de Inverno conhecido esta terça-feira, deve-se ao facto de se ter materializado o risco de "um crescimento económico mundial menos favorável do que o considerado", numa altura de particular incerteza sobre a economia da zona euro, em que persistem sinais negativos na conjuntura internacional.
É este o risco quando a principal aposta é constituída por variáveis que não podem ser controladas.
O desempenho da economia mundial e da Zona NEuro não é controlável por parte do governo.
Por isso, ao ouvir nas próximas semanas frases do tipo "A culpa não é nossa, a culpa é da economia mundial que não funciona", já sabemos o que pensar: "A culpa é de quem apostou nas exportações para a retoma da economia".
Ainda assim, de acordo com as projecções do Banco de Portugal, a economia irá conseguir garantir este ano um excedente face ao exterior de 3,1% do PIB.
Lembramos este dado: será interessante compara-lo com os dados reais no decorrer do ano.
No que diz respeito à procura interna, o Banco de Portugal prevê para este ano uma queda de 3,6% no consumo privado (o mesmo valor da projecção de Novembro), um resultado menos negativo do que a diminuição-recorde de 5,5% registada em 2012. Para o investimento, a queda agora prevista é de 8,5%, quando antes se antevia 10%.
O consumo privado já caiu de forma brutal, não admira que agora abrande a queda. Preocupante é que continue cair. Mesmo discurso relativo aos investimentos. E lembramos que sem investimentos...ok, todas coisas já ditas.
Já para 2014, apesar de se voltar a uma previsão de crescimento da economia, o Banco de Portugal faz questão de frisar que o quadro é ainda muito incerto, dizendo que "a projecção para 2014 deve ser interpretada com particular prudência". O banco central aponta para um crescimento do PIB de 1,3%, mas esta projecção é feita assumindo que não haja medidas adicionais de consolidação orçamental para 2014, para além do prolongamento das previstas no Orçamento do Estado para 2013, que levarão a uma diminuição do rendimento disponível e da procura interna.
Por enquanto não sabemos o que irá acontecer em 2014: temos apenas conhecimento das medidas que serão precisas para arrecadar 4.000 milhões de Euro, em 2013 e 2014. E temos por isso o Banco de Portugal que realça como "as autoridades já anunciaram a necessidade de delinear medidas adicionais para cumprir os objectivos orçamentais assumidos ao longo do horizonte de projecção". Que em bom Português podemos traduzir com "haverá novas medidas".

Entretanto, eis as projecções para 2013:

Como afirmado, será interessante compara-las com os dados reais ao longo dos anos.

Pessoalmente repito quanto já afirmado: 2013 será pior de que 2012, pela simples razão que não foram criadas as condições económicas para uma retoma. O regresso aos mercados, que já começa a ser apresentado como um grande sucesso, será um placebo que não resolve os problemas de fundo. Mas disso voltaremos a falar.

Provavelmente 2013 constituirá o fundo do poço, após o qual é possível subir. Ou começar a cavar.


Ipse dixit.

Fontes: Público, Dinheiro Vivo



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